De repente eu comecei a olhar para trás e a repensar as minhas atitudes. Isto em mim é quase uma ação involuntária, assim como a negação da maioria das minhas escolhas. Não tenho a invejável habilidade de deixar a vida me levar e levo tudo muito a sério.
Meus pensamentos correram sobre as vezes em que disse algo que deixasse alguém feliz. Isto tem norteado bastante as minhas ações, afinal, eu não sou o único que tem as suas inseguranças e carências. Há um grupo de pessoas na minha vida ao qual eu disse apenas algumas palavras, que para mim significaram muito pouco, era quase um exagero o modo como as proferi e o silêncio que se instalou acerca delas, mas para quem as ouviu parece ter significado muito. Hoje, estas pessoas me agradecem, e eu nem citei Camões ou Shakespeare. Ela parecem me ver com entusiasmo, e talvez por me conhecerem pouco, parecem gostar de mim.
Eu já senti isso, e passei então a sorrir como um retardado. Este é o máximo de que podem me chamar, nunca dirão "aquele chato", "depressivo", "pessimista", "calhordas"... As pessoas, penso eu, não me classificam assim, e se classificam, parecem gostar de comportamentos "retardados". Quando tenho domínio sobre as minhas ações, procuro parecer acolhedor, motivado e satisfeito, mesmo que interiormente isto seja uma grande mentira. Passo então a ser motivado e satisfeito pelas ações das outras pessoas a meu respeito e por naturalmente não esperar nada em troca, acabo me surpreendendo.
E é bastante simples ser "legal" sem ser falso. As pessoas invariavelmente alegram-se pelos mesmos motivos. Quando você, por exemplo, trata o problema de alguém como importantíssimo, mesmo que seja algo fútil, ele vai se sentir compreendido. Quando você aparenta se esforçar e usar a inteligência de forma a conseguir o melhor resultado possível para resolver um problema, sem muito esforço, a pessoa vai gostar de você. Quando você lembra o nome, ou algum evento disperso na mente que individualize a pessoa, ela se sente importante. Quando você, mesmo que inventivamente, diz que já teve um problema parecido e deu tudo certo, está mostrando-se próximo da pessoa. Além disso, o que é mais importante, é ouvir. Eu que não sou muito chegado a conversas, procuro deixar a pessoa falar e ouvir atentamente. Muitas vezes o enredo da história não é interessante, mas leva a indícios firmes do comportamento da pessoa e o que é importante para ela. Ouvindo, analizando e apoiando, quase sempre consegue-se um súdito.
Não digo mentiras, quando sei que uma alternativa leva fatalmente ao erro, não titubeio em dizer, mas também não tenho preguiça de orientar e "enfeitar" as outras alternativas. Não desencorajo, procuro sempre achar uma frase customizada que complemente o clichê "Vai dar tudo certo".
Claro que num primeiro nível que socialização, constróem-se laços importantes, mas a sua opinião passa a não ser mais "qualquer opinião". Quando estreitam-se os laços, somos obrigados a admitir defeitos e fantasias das pessoas, e aí não caminho com tanta facilidade. Quando adquiro certa proximidade, a tendência é que eu me torne cada vez mais franco, e como a minha opinião já é em qualquer nível relevante à esta pessoa, acabo por magoá-la.
Preciso trabalhar mais as minhas relações mais íntimas, pois alí, como é muito bem descrito por Saint-Exupéry, somos cada vez mais responsáveis pelas pessoas, e isto não quer de forma alguma dizer que podemos controlá-las ou vigiá-las 24hs por dia, como fazem os responsáveis por máquinas. Com pessoas, a responsabilidade é sempre inevitável e imprevisível. O livro "A insustentável leveza do ser" de Milan Kundera, trata um pouco do assunto.
Meus pensamentos correram sobre as vezes em que disse algo que deixasse alguém feliz. Isto tem norteado bastante as minhas ações, afinal, eu não sou o único que tem as suas inseguranças e carências. Há um grupo de pessoas na minha vida ao qual eu disse apenas algumas palavras, que para mim significaram muito pouco, era quase um exagero o modo como as proferi e o silêncio que se instalou acerca delas, mas para quem as ouviu parece ter significado muito. Hoje, estas pessoas me agradecem, e eu nem citei Camões ou Shakespeare. Ela parecem me ver com entusiasmo, e talvez por me conhecerem pouco, parecem gostar de mim.
Eu já senti isso, e passei então a sorrir como um retardado. Este é o máximo de que podem me chamar, nunca dirão "aquele chato", "depressivo", "pessimista", "calhordas"... As pessoas, penso eu, não me classificam assim, e se classificam, parecem gostar de comportamentos "retardados". Quando tenho domínio sobre as minhas ações, procuro parecer acolhedor, motivado e satisfeito, mesmo que interiormente isto seja uma grande mentira. Passo então a ser motivado e satisfeito pelas ações das outras pessoas a meu respeito e por naturalmente não esperar nada em troca, acabo me surpreendendo.
E é bastante simples ser "legal" sem ser falso. As pessoas invariavelmente alegram-se pelos mesmos motivos. Quando você, por exemplo, trata o problema de alguém como importantíssimo, mesmo que seja algo fútil, ele vai se sentir compreendido. Quando você aparenta se esforçar e usar a inteligência de forma a conseguir o melhor resultado possível para resolver um problema, sem muito esforço, a pessoa vai gostar de você. Quando você lembra o nome, ou algum evento disperso na mente que individualize a pessoa, ela se sente importante. Quando você, mesmo que inventivamente, diz que já teve um problema parecido e deu tudo certo, está mostrando-se próximo da pessoa. Além disso, o que é mais importante, é ouvir. Eu que não sou muito chegado a conversas, procuro deixar a pessoa falar e ouvir atentamente. Muitas vezes o enredo da história não é interessante, mas leva a indícios firmes do comportamento da pessoa e o que é importante para ela. Ouvindo, analizando e apoiando, quase sempre consegue-se um súdito.
Não digo mentiras, quando sei que uma alternativa leva fatalmente ao erro, não titubeio em dizer, mas também não tenho preguiça de orientar e "enfeitar" as outras alternativas. Não desencorajo, procuro sempre achar uma frase customizada que complemente o clichê "Vai dar tudo certo".
Claro que num primeiro nível que socialização, constróem-se laços importantes, mas a sua opinião passa a não ser mais "qualquer opinião". Quando estreitam-se os laços, somos obrigados a admitir defeitos e fantasias das pessoas, e aí não caminho com tanta facilidade. Quando adquiro certa proximidade, a tendência é que eu me torne cada vez mais franco, e como a minha opinião já é em qualquer nível relevante à esta pessoa, acabo por magoá-la.
Preciso trabalhar mais as minhas relações mais íntimas, pois alí, como é muito bem descrito por Saint-Exupéry, somos cada vez mais responsáveis pelas pessoas, e isto não quer de forma alguma dizer que podemos controlá-las ou vigiá-las 24hs por dia, como fazem os responsáveis por máquinas. Com pessoas, a responsabilidade é sempre inevitável e imprevisível. O livro "A insustentável leveza do ser" de Milan Kundera, trata um pouco do assunto.