domingo, 25 de dezembro de 2011

Venho curtindo

Meu Jardim (Vander Lee)


Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores 
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas floresTô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho Estou podando meu jardimEstou cuidando bem de mim
O acaso e o tempo são incapazes de sustentar a mentira.

Curandices do tempo

É atribuído ao tempo a propriedade de curar as dores que ao longo do tempo o acaso nos trouxe. Proponho a seguinte ressalva: o tempo não procura as dores encobertas, as dores escondidas, as dores de que sequer se sabem os motivos. Nelas o tempo bate o pêndulo a cada encontro de si consigo mesmo. No início, bate de leve, só para lembrar que há algo de errado, mas num dado momento espanca até a dor se espalhar e o sofrimento superar o medo de assumir a dor.
O tempo é um curandeiro cruel, que mesmo tendo o remédio para todas as dores, nos faz doer até que a dor se faça em remédio à sua própria causa.
A dor é, portanto, o remédio mais poderoso do tempo. É ela que mostra o que é prazer, ou estado de não dor. É ela que provoca mudanças. É a dor, enfim, a responsável por toda a reputação do tempo.

Empatia

Por-se no lugar de alguém. Abrir-se para a dor do outro. Entregar-se a uma situação que não é a sua. Colocar-se sem defesas diante das dores que não são nossas é sem dúvidas um risco de sofrer tanto quanto ou mais que a pessoa que originou a situação.
É fácil abrir uma bolsa e relativamente simples enchê-la de quantas tralhas se queira.
Difícil é tentar fechá-la com tudo isso, sem tirar dela o que não é de fato essencial.