sábado, 27 de setembro de 2014

Eu ainda acho tempo

Em tudo, em cada passo, em cada cor
Está o tempo
É tão onipresente que de fato define
Que de fato consome
E agente não vê

Agente não acha tempo
Agente procura e perde tempo procurando
Agente escreve no tempo livre
Como se pudéssemos prendê-lo
Como se pudéssemos perdê-lo

Eu ainda acho tempo
Para passá-lo, gastá-lo, usá-lo
Conjugá-lo em todas as formas
Em todos os verbos de todas as linguas
E quando não houver mais o que fazer com o tempo,
Eu ainda acho.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Irmão

Eu não sei o que é ter um irmão. Sempre desejei que meu pai tivesse um filho perdido pelo mundo, mas de fato acho que vou ser sempre filho único (e talvez também o perdido).

Eu posso considerar meus amigos, meus primos como irmãos, mas eles não são. A realidade é que se alguém me diz "como irmão" para mim significa muita coisa, muito mais do que pode ser na realidade para maioria das pessoas, ou talvez muito menos. "Como irmão" para mim é como se eu tivesse nascido na Argentina, ou como se eu fosse mulher. Eu não sei o que é, só imagino, suponho, de vez em quando, quando eu canso de ser único.

Se eu tivesse um irmão, ele também seria único. Se eu tivesse 1000, seriam todos únicos. O fato de eu ser único não me diferencia das pessoas que têm irmãos. Meu irmão imaginado, meu amigo como irmão, são todos únicos, mas não irmãos.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Shitty class

Como pode uma aula conseguir, minuto a minuto, tirar toda a sua vontade de viver?

Tem dia que é difícil, mas quarta-feira é impossível!

Boa noite.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Aprendendo a colaborar

Eu sei que a vida nos prepara situações que muitas vezes nos encontram despreparados, mas eu particularmente pareço estar sempre a procura delas.

Agora, eu, filho único, individualista, independente e demagogo, estou finalmente aprendendo a colaborar, a CONviver. Há certos problemas de relacionamento que eu não posso resolver me isolando, e a vida hoje me cobra coragem para colaborar. É um mundo absolutamente novo para mim, e que eu não sei quanto tempo o meu humor introvertido e "de lua" vai suportar, mas eu não tenho outra opção.

Espero aprender com o mínimo de mágoa e rancor possível, e que a minha convivência com os outros me ajuda a conviver comigo mesmo em paz.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Não, não foi um dia ruim.

Que diabos!

Eu não escrevo para me avaliar, me julgar e me consertar!

Que se foda se às vezes eu sinto auto-piedade, que tenha problemas de auto-estima quase sempre! Todo mundo tem seus problemas! Esse é o meu problema, sabe? Achar que eu sou especial, diferente a ponto de não ser digno de afeto. Eu sou um bosta, como tantos bostas que eu amo!

Eu me senti bem com a ideia de alguns olhares sobre mim. Não sei o que significam mas por conveniência eu vou supor que eles me desejaram.

Hoje, eu só lamento uma coisa: o esguicho da minha porra que eu deixei de jorrar nestes olhares.

"As vezes me preservo, n'outras suicido"

Eu sou de lua. Tem dia que eu me sinto apagado, que o mundo inteiro passa por mim, me beija e não percebe. Não vê graça e eu fico com medo. Eu não sei bem medo de quê, mas quanto mais eu sou ignorado, mais eu tenho medo.

Hoje, no entanto, eu vi olhares, eu vi interesse. Como de costume, não retribuí muitos deles porque também tenho medo dos olhares que não me ignoram. Eu tenho medo de jorrar nos olhos deles uma verdade tão melancólica que não pode ser verdade, mas auto-piedade. E com tantos motivos para me ignorar que eu esguicho nos olhos deles, eu tenho medo de convencê-los.

Na verdade, o que eu quero é tão simples: carne. Quero comer, engolir e me fundir em olhares alheios com interesse em mim. Eu sempre me explico mas nunca me entendo, e me ouvindo, eu paro e penso: não está na hora de parar de pensar. Em casa, sozinho, vendo a minha imensa paciência transformada e nada. Não tenho carne, apenas olhares que eu espirrei para longe de mim.

domingo, 21 de setembro de 2014

O nome do blog

De uma maneira inesperada, eu tive tanto trabalho pra lembrar o nome do blog que me deu uma forte dor de cabeça o exercício mental (que persiste enquanto eu escrevo estas palavras).

Naturalmente, quando eu consegui lembrar, me perguntei: ainda faz sentido?

Marieta manda beijo...

Como se houvesse alguém comigo, como se interessasse a alguém saber de mim ou de Marieta.

Eu mudei, e também mudou o beijo de Marieta.

Hoje eu consigo achar mil maneiras de destruir o sentido desta metáfora, mas decidi pelo contrário: vou reconstruí-la. Vou dar sentido a mim, ao meu beijo e ao de Marieta.

Cada post, cada texto, cada pedaço deste blog vai ser um beijo de Marieta, mandado de onde quer que eu esteja.

Deixo aqui, enfim, este novo beijo, de quem engoliu a Marieta e vomitou e engoliu denovo, e vomitou.

Um beijo com sabor de Marieta.

Eu

Dois anos.

A minha última postagem tem a ver com uma mudança importante na minha vida, e já que o blog é mesmo sobre mim, é mesmo sobre esse meu egoísmo de me investigar, me julgar e me desperdiçar sozinho, resolvi fazer disso um ritual.

Devemos nos ver diariamente, e vamos falar sobre mim, não porque lhe interessa, mas porque eu preciso.