Eu sou de lua. Tem dia que eu me sinto apagado, que o mundo inteiro passa por mim, me beija e não percebe. Não vê graça e eu fico com medo. Eu não sei bem medo de quê, mas quanto mais eu sou ignorado, mais eu tenho medo.
Hoje, no entanto, eu vi olhares, eu vi interesse. Como de costume, não retribuí muitos deles porque também tenho medo dos olhares que não me ignoram. Eu tenho medo de jorrar nos olhos deles uma verdade tão melancólica que não pode ser verdade, mas auto-piedade. E com tantos motivos para me ignorar que eu esguicho nos olhos deles, eu tenho medo de convencê-los.
Na verdade, o que eu quero é tão simples: carne. Quero comer, engolir e me fundir em olhares alheios com interesse em mim. Eu sempre me explico mas nunca me entendo, e me ouvindo, eu paro e penso: não está na hora de parar de pensar. Em casa, sozinho, vendo a minha imensa paciência transformada e nada. Não tenho carne, apenas olhares que eu espirrei para longe de mim.
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