sábado, 19 de dezembro de 2009

Verbo

O meu verbo é vulgar
não com ar de verbo,
Mas com ar de vão
Que principia no nada
E termina em si
Costurando os pedaços
Espatifados da alma
em mosaicos desconexos
Incotectáveis de tão juntos
Indistinguíveis de tão distintos
Irremediáveis de tão doentes
Ao sabor das emoções.

Pobre verbo torto
Que não se sujeita à preposição
mas depende tanto deste sujeito
Vai dizer o que não queria
Vai carregar o nada de significado
Vai rodar como satélite
Preso e solto por uma força
Que só o alcança na morte
Vai ser verbo de qualquer um
Vai ser qualquer verbo
Reivindicar espaço entre choro
e as interjeições aleatórias
Vai tecer com saliva
O seu frágil fardo de verbo

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