quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Idéias em R.E.M. 7
Acordei reflexivo:
Não há dor perene que não justifique a morte.
Não há amor passageiro que não justifique a vida.
Não há amor perene que não justifique a morte.
Não há dor passageira que não justifique a vida
Não há amor sem dor
Não há morte sem vida
Não há motivos suficientes para eu me encarregar
de uma obrigação que foi à natureza concedida.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
6 verdades da vida
1ª Verdade: Ninguém consegue tocar em todos os dentes da boca com a língua.
2ª Verdade: Todos os idiotas, depois de lerem a 1ª verdade, tentam tocar com a língua em todos os dentes que têm na boca…
3ª verdade: Descobrem que a 1ª verdade é mentira.
4ª Verdade: Começam a sorrir, porque concorda que é idiota.
5ª Verdade: Tá pensando em pra quem vai enviar essas verdades.
6ª Verdade: E continua com o sorriso de idiota na cara!
retirado de http://blogdoxoto.blogspot.com/
Nicho Urbano parte 3
COMO UM HERÓI EM VANGUARDA que descobre que em qualquer INSS, em qualquer "grupo de risco", em qualquer clube de bocha se encontra figuras mais atléticas que ele. Desci a ladeira que subira e fui tomar o ônibus de volta a casa num ponto de ônibus que, adivinhe: estava lotado. Inesperadamente rápido, chega o meu ônibus e umas 10 pessoas se dirigem a ele, não tive nem tempo de contar o dinheiro da passagem e entrei no ônibus, que vinha vazio, isto mesmo, vazio. Escolhi um lugar abaixo da janela, próximo a catraca, pelos motivos já esclarecidos, mesmo sentindo a água refrescar o meu traseiro no banco molhado. Vazio, isto mesmo! E havia lá uma menina muito altruísta. Ela tinha um celular, e queria mostrar que até uma estúpida podia tê-lo. Mais ainda, queria compartilhar a música que ouvia! Que criatura adorável! Cantava e nos deixava ouvir o som que saía do seu celular. O cobrador, um rapaz jovem que achei que estivesse com má vontade de trabalhar, disse que estava com dores na cabeça. A menina, então, resolveu colocar uma canção, com batidas funk e techno, para acalmar o rapaz. Que doce pré-adolescente, ria tão alto, esbanjando felicidade! O cobrador, por aparentemente conhecê-la, fechou a cara mais ainda, quase sugando para dentro do crânio o nariz protuberante que tinha, mas não disse uma palavra de repreenssão.
Novamente, nos pontos das imediações no terminal e no terminal, o ônibus lotou, e desta vez, lotou surpreendentemente, beirando a violação das leis da física, salvas pelas minúsculas vacâncias e orifícios humanos que abrigavam membros de outros humanos, querendo ou não, gostando ou não. Quando somente cabiam pessoas horizontalmente sobre as outras, quando ao tirar os pés do chão era possível "flutuar", quando não era permitido expandir qualquer parte do corpo para relaxar, quando um "peido" causaria muito mais do que um "Quem foi? Nosssssss!", digo "peido" para deixar claro a situação escatológica do trabalhador cansado que regressa ao lar no horário de pico, não por não conhecer um termo menos ofensivo, apesar de julgar a ação muito mais ofensiva que a palavra "peido" em si. Neste momento, já se ouviam passageiros indignados com a demora de 1 hora do ônibus, a socar a porta e proferir xingos ao motorista, o qual "acomodava sua busanfa gorda na poltrona confortável", em suas próprias palavras. Seguimos viagem.
Decidi, então, começar a me mexer 3 pontos antes da descida. Prudente. Olhei para trás, e a moça do meu lado, cheirando a cigarro, debochou da minha ambição. Mas a decisão fora tomada. Tive pena, medo, dor, tudo, mas levantei, e no ato de levantar movi uns 10 corpos pelo corredor. Ergui um pé, perdi o chão. Pisei num pé, me disse ai, pedi desculpas e continuei. "Licença, licença, ai! Desculpa, dá uma licencinha..." Havia duas opções: encoxar um homem e encoxar uma mulher. Se eu encoxasse um homem, criaria um ferida profunda na minha masculinidade, por mais que não devesse, naquele momento, levar isto em consideração, mas estar de costas para a mulher é menos arricado que ela roube a carteira do bolso traseiro que se fosse um homem. Só que não deveria encoxar um homem, porque eu sou macho! Resolvi meu problema, coloquei a carteira no bolso da frente da blusa, encoxei a mulher, e, sentindo-me um reprodutor, prossegui. "Desculpas, dá uma licencinha..." Então mais a frente havia um homem que já encoxava uma mulher, impossibilitando a minha passagem, que infelismente só poderia ser entre eles. Se me virasse a ela, encoxaria a mulher e seria encoxado pelo homem. Preferi a outra opção e numa dada posição que fiquei exatamente de frente com o homem, travado por uma mochila imensa e molhada que ninguém teve coragem de se oferecer para carregar. O ônibus sacoleja e o queixo do homem bate no meu peito, lá se foi a minha masculinidade... segui em frente como um estuprado, empurrando a bolsa do rapaz, reclamando dos guardas-chuvas molhados e debatendo como um animal que há muito deveria ter sido, mais extamente, há dois pontos atrás.
Nicho Urbano parte 2 - Digressão
Eis que, cospido do ônibus, disputo com senhores afoitos pela oportunidade de entrar na máquina a minha saída dali, entre braçadas e encoxadas, estou no ponto recebendo uma ducha nas canelas que o ônibus deu para arrancar os motores e sair. Sendo um ponto de ônibus na periferia do centro, está lotado e por ali passam quase todos os ônibus da cidade, ao dirigir-me contra a corrente de pessoas que vinham tomar seus ônibus, senti-me um elétron, que chega ao fim da barreira quase sem energia, e se depara com uma ladeira gigantesca cheia de átomos (carros) enlouquecidos e mal-educados. Pus-me a subir, desviando da água parada e dos jatos em movimento, dos carros que vinham em minha direção e de outros que por algum motivo tomaram subitamente a direção em que eu estava.
Quando, esbaforido, acabado e suado, chego ao topo, mal tenho tempo de cantar a vitória e uma senhora solicita instruções de como chegar ao hospital. Normalmente, sou das piores pessoas a dar instruções a perdidos, pelo fato de ser como eles frequentemente. Não me guio bem pelas ruas da cidade e a noite começava a cair, o que dificultava a vista de qualquer um, especialmente a minha, por ser somada a miopia alta. Mas afinal, eu ia ao médico, e guiei a senhora ao lugar onde ia, adentrando-me em dois quarterões que não fazia idéia de como apareceram por ali. Indiquei o atendimento aos pacientes e desci a rua, rumo à ortopedia, se é que posso dizer que desci, porque ecorreguei do modo mais desengonçado que pude na calçada molhada. A senhora reuniu toda a sua capacidade de dissimulação e atuação e numa frase séria me perguntou "machucou?". Eu respondi que "sem problemas", e fomos cada um para o seu lado, eu rindo de mim, ela também.
Quando, depois de poucos minutos de espera, fui chamado para consulta. Apertei com a mão molhada a mão do médico e ele observou meus exames:
- "Seu" Guilherme, os seus discos estão muito gastos, veja como estão escuros.
Meus discos estavam gastos? Os dele! Quem ele pensa que é para dizer que eu fico gastando o disco. Ele nunca viu, não me conhece! Ele é que deve ficar gastando o disco, que deve ter 2 metros de diâmetro.
Ele então se explicou:
- É que durante a sua vida, você deve ter pressionado os discos, de maneira que eles ficassem gastos...
Pressionado?! O Doutor deve estar acostumado a ter os discos pressionados, eu não!
Trocadilhos a parte, saí de lá com 10 sessões de fisioterapia a marcar, nenhuma vontade e tempo para fazê-lo, a não ser, é claro, que me dôa a coluna novamente. Assim, com certeza eu saio atráz de fisioterapeuta.
Comessa-se a viver como um idoso, e logo vem as restricões dos idosos.
Nicho Urbano parte 1
Ontem precisei ir ao médico ortopedista para tratar de um probleminha na coluna que vem me incomodando há alguns anos. Ao tomar o ônibus, notei que estava tranquilo para escolher o lugar onde sentar e escolhi um do lado direito de quem entra próximo a janela, já que estava frio e chovendo, propiciando o contágio de doenças infecciosas como a gripe "suína". Próximo à janela, eu poderia me assegurar da circulação do ar, pelo menos. Não sentei logo abaixo, pois o banco tinha algumas gotas de chuva, mas uma mulher com os cabelos esticados o fez, e naturalmente, para evitar a rebelião que poderia ocorrer na sua cabeça caso algumas míseras gotículas de chuva entrassem em contato com sua crina comportada com alguns produtos destinados à cadáveres, que era o que de fato eles pareciam, ela fechou o vidro da janela. Praguejei: "Há de lhe cair um balde de formol na testa para que fique calva!". Seguidamente pedi a Deus o perdão. Meus cabelos não são lisos, e não sei como serão os da filha que um dia eu venha a ter. Só me certifiquei de esclarecer a Deus que ela, quando e se existisse, não poria formol nos cabelos e seria preventiva às doenças trazidas pela multidão.
Após algumas paradas nos pontos de ônibus a chuva apertou, fato que só era notável pelo ruído, já que com o vapor exalado dos pulmões dos passageiros instalado nos vidros, por ausência de saída, era impossível assistir qualquer paisagem externa àqueles sofríveis metros quadrados, a cada ponto mais entupidos de gente. Quando chegamos no ponto central, o ônibus ficou por cerca de 10 minutos, só recebendo novos passageiros. Eu tratei de mudar de lugar, fui para uma poltrona abaixo da janela para poder respirar. Ao abrí-la, me veio algo como um pequeno balde de água na metade esquerda do corpo, que escorreu pela janela. Era como se me apontassem o dedo e dissessem: "Ora, mas não era isto que queria". Não aprendi a lição. Mantive o vidro aberto de teimoso que sou, e de precavido também.
Alguém se sentou ao meu lado por alguns segundos quando teve de ceder lugar a uma senhora de idade avançada que ali terminou sentada. Lía-se (pelo menos por meus olhos empáticos) no semblante do rapaz cansado: "maldita civilidade! Por que esses velhos escolhem a hora de pico para passear de ônibus?". Porque não escolhem quando vão sentir dor, quando vai subir sua pressão, quando seus filhos, não mais necessitados dos seus favores, os abandonam ao cuidado do governo. O carro foi cheio, até o ponto em que tive que descer. Me julguei gênio por ter optado pelo lugar próximo a porta. Quando deixei meu acento, o rapaz cansado não sentou ao lado da senhora a quem havia dado lugar. Deixou lá sentar uma outra com uma criança de colo. Provavelmente, a empatia do rapaz era menos egoísta que a minha, já conhecia o ambiente a as pessoas igualmente cansadas que existiam ali.
sábado, 22 de agosto de 2009
Noite Caeira
Ao cair da noite
eu me emocionei
com o cair da noite
com como a noite não caía
a noite se misturava ao dia
manchando os espaços
que o céu lhe cedia
O sol inflara de um amarelo
que tomou a força do branco
redondo e trêmulo no caramelo
deixando roxo o rabo da penumbra
deixando frio o chão da calçada
deixando fraco o clarão do dia
deixando despedidas entre a moçada
Hoje eu me emocionei
Hoje de noite ainda é hoje?
Ou esqueço e entrego a noite
Ao amanhecer que eu espero?
Tenho uma desconfiaçazinha
que tingida com tal esmero
A noite vai ser como eu quero
Vai ser noite noturna
Noite coisa alguma
Noite que é noite
e que por este simples fato
faz me feliz da vida
pois com a vida tenho um trato
de viver de noite a noite
O Sol
Idéias em R.E.M. 6
e o futuro de incerto.
Eles estão certos?
Incerto não é errado.
Mas o passado é uma certeza?
O futuro são só dúvidas?
E o presente, o que vale?
Naquele dia
Houve um dia
em que ainda não se tinha
inventado a Aids
e a prudência
Houve um dia
em que o amor e o desejo
reinavam soberanos
entre as pernas dos humanos
Houve um dia
em que não houve tempo
em que só ouve grito
e gemidos no ar
Houve um dia
em que o dedo que tangia a tez
penetrou a flor
para experimenar o mel
Houve um dia
Em que a língua habilidosa
resolveu ser curiosa
e molhar o corpo em interpelações
Houve um dia
em que o ar quente e úmido
era jogado na nuca
suplicando amor
Houve um dia
em que as pálpebras tapavam
o que os olhos censuravam
o que os pêlos levantavam
Houve um dia
Em que as unhas ferozes
traziam ao corpo a dor
que ele precisava para explodir
Houve um dia
Em que palavras sem nexo
espalhadas pelos ouvidos
traduziam o sentido e o prazer de existir
Houve um dia
em que cada nanometro de pele
ligava-se a cada nanometro de pele
transmitindo cada nanometro de prazer
Houve um dia
em que se quis algo novo
denovo, denovo
denovo e denovo
Houve um dia
em que se quis estar louco
mas nunca estar sonhando
Viver era pleno prazer e emoção
Antes que se exalte, olhe o homem feio da foto
O Hélio e a Bexiga
A caminhar pela calçada
eu noto algo diferente
algo que me intrigou
pela leveza e pela penumbra
E antes que a penumbra no céu
Possa assustar os que conhecem a luz
esclerecido fica que
a penumpra é pontual
tão pequena na imensidão do céu
tão sem importância
o fato de ser penumbra
Guio os meus passos
por outra parte da mente
que desconheço, mas que conhece bem
o caminho que devo seguir
O que sou capaz de dizer que penso
concentrava-se na graça da borracha
Poderia ser um pneu
e proporcionar ao homem
atrito e segurança
Poderia ser um elástico
para manter junto
o que se tem separado
poderia vedar um cano
poupando a água
e o esforço dos homens
Poderia ser uma bola
para entreter a gente
grande ou pequena
Mas era isso mesmo
a que fora concebida
Para entreter e puramente
não havia o que se fazer com ela
os mais extravagantes
vislumbravam uma viagem pelo céu
que quase sempre não dava certo
Não era balão
Era bexiga
Bela, burlando a gravidade
por ser leve
por ser livre
meu olhos se encantavam
com sua transparência
Que ainda deixava-me ver o sol
Não havia o que ela me impedisse
Não havia motivos para isto
Nem sequer para eu
concentrar-me naquilo
Mas era o que eu fazia
Ela não machucou ninguém
ali, pairando no ar
talvez tivesse machucado
a criança doente que lhe era dona
Mas uns minutos a contemplar
seus movimentos errantes
já a faziam se curar com um sorriso
Já fora como eu
já estivera presa numa linha
tão fraca e tão sem razão
que só sonhava o momento
de poder pairar no céu
sem guia, sem sentido
como a sua existência
Hoje a linha é presa a ela
inverteram-se os papéis
a bexiga, ao carregar a linha,
humildimente a pedôa
por tê-la prendido ao chão
Ia cada vez mais para longe
talvez chegasse a estratosfera
talvez caísse por alí adiante
Ou conhecesse os boeings mais luxuosos
os pássaros mais imponentes
as gotas mais pesadas
os ventos mais ferozes
Outras bexigas como ela
ou caísse por ali adiante
Poderia cruzar os mares
testemunhar o amor das baleias
a migração das tartarugas
as sujeiras dos homens
Os raios poderiam atingí-la
ou mesmo a fiação que sai do tranformador
a derrubaria ao chão
já não mais transparente
já não mais leve
já não mais livre
já incomodando a mim
já sendo lixo
Sua morte é como a perda de um membro
nos torna incapazes
tristes e mesquinhos
traz malefícios a natureza
mas pode ser reavida
em qualquer das esquinas da mente
Estupidamente, olhei em frente
Presenciar a sua morte me doiria
e passo a passo
cheguei ao lugar de onde eu fugia
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
The long day is over - Norah Jones
Das músicas que cabem a cada momento da nossa vida, esta me caiu como uma luva hoje.
Viva a doçura!
A música é fantástica, mas a versão do vídeo é um pouco improvisada, mas é possível ter noção do que eu falo.
Quando está na voz da Nana Caymmi é mais bonito, no entanto, a homenagem ao Dorival Caymmi torna-se emocionante no momento em que sua esposa começa a cantar a música e apoia a mão esquerda no ombro direito do Dorival. Eles parecem muito apaixonados.
sábado, 15 de agosto de 2009
Os umanos
Na Argentina, no Brasil,
Na Inglaterra, na França,
Nos Estados Unidos, na China,
Na Índia, no Paquistão,
Na Croácia, na Bósnia
Na Pelestina, em Israel
Na Etiópia
Há uns homens que conseguem ser todos numa frase só.
... a Moska Gigantesca...
"Nada do que foi será de novo do jeto que já foi um dia."
Idéias em R.E.M. 5
Haverá os que chacoalharão a cabeça ao meu comentário, com razão já que trato das minhas idéias, baseadas nos meus valores.
Um problema que nem o homem e nenhum outro ser vivo é capaz de resolver, para mim, é um problema sem solução imediata. Note que tive o cuidado de classificar a solução de que trato como sendo "imediata", e é proposital. Ao longo de tudo que posso chamar de evolução, de todas as teorias que a competem desde o BigBang, a criação da vida seria um destes problemas sem solução. No entanto, a vida como a definimos, poderia ser concebida de diversas maneiras, todas muito pouco prováveis, mas ainda assim possíveis. A desordem do universo vem sempre aumentando em relação à partícula densa que teria sido um dia, no entanto, surgiu o primeiro aminoácido, e de uma forma ainda desconhecida, se tranformou em vida.
A "forma desconhecida" não é uma justificativa para mim da existência de Deus, aliás, não vejo razão para procurar num ser tão subjetivo, motivos para existir. Não intento, portanto, justificar a existência de Deus, por esta reflexão. Só pretendo justificar, talvez a ele mesmo, a minha fé nos homens.
Quero, para meu próprio esclarecimento, definir uma linha que divida o domínio divino e humano, contudo assumo uma linha probabilística e inexata. A evolução, que atribuo o mérito a Deus, proporcionou aos homens a solução de problemas que sempre fora anteriormente impensada, e um aspecto recente desta evolução é a humanidade passar a procurar soluções a problemas "insolúveis".
Há barreiras em tudo o que nos propomos a fazer, como a todos os seres vivos, e a vida fora uma que transpusemos para modificar o mundo. Estas barreiras são o motivo, o impulso, a força que nos torna cada vez mais adaptáveis e resistentes ao caos, assim como tornam outros biomas no universo. E apesar desta força parecer contra a evolução, vivem em aparente harmonia: a evolução e o caos. Mas paro por aí com a minha reflexão pois posso chegar a conclusão de que o universo está em equilíbrio, o que não tenho, em minha opinião, conhecimento nemreferenciais suficientes para dizê-lo.
Só concluo que acredito em Deus e confio nos homens. Eles podem não achar uma solução ao meu problema, mas podem fazê-lo ao meu tataraneto, Graças a Deus!
Não perca tempo!
Do mesmo amante, João Bosco (o do dabidudasulerasilom...)
Deus, permita que um dia eu dedilhe as cordas do meu violão com esta habilidade e paixão.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Não somos mais...
Usualmente eu termino com um vídeo, mas desta vez eu prefiro começar com um para ter já em mente o que sou. Sá, Rodrix e Guarabyra, talvez num contexto por mim deconnhecido, afirmaram: "Só espero a hora em que o mundo estanque para me aproveitar do conforto de não ser mais ninguém". Certamente que ser ninguém é um conforto e é o que somos diante da complexidade e da obcuriedade do mundo que entendemos pouco. Muitas vezes nos julgamos mais que isso e, portanto, nos sentimos responsáveis, donos e cheios de direitos. Dust in the Wind e A Idade do céu, esta última com uma interpretação lindíssima da teoria do Big Bang feita por Paulinho Moska, nos lembram quais os valores que nos aproximam da felicidade que, para Drummond, é mais verdadeira quando não existe motivo. Não haver motivo para ser feliz então seria um motivo para sê-lo, por mais falaciosa que pareça a conclusão. Estamos de passagem pela terra, pelo mundo. Deixamos marcas profundas do nosso pensamento nela, é verdade, mas não somos mais do que isso. Ao universo basta existir, mas nós precisamos ser algo dentro dele para nos satisfazermos. Somos poeira no vento, então. Uma piada de Deus. Não importa. Deixe que, ao menos a alma, tenha a mesma idade que a idade do céu.
Idéias em R.E.M. 4
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Alemão não sabe fazer mal feito
Still Loving you...
Expedição H1N1
As aves, os porcos, os homens...
N'outro lado do mundo
Acordam agradecidos
Subitamente o que pode ser incrível
surge terrívelmente forte
E nasce nossa imensa conspiração
Nós agora somos como os porcos.
Vai aterrisar suas imensas garras sobre nossa vida
e cuspirá a morte em cada parte dela
Enganados, iludidos doentiamente
Damos vida a morte
Uma nave Ribonucléica
fecunda o núcleo da nossa vida
Não temos escolha: respiramos
Enquanto houver pulmão
Uma nave lipo-protéica
minúscula e sem vida
A que todos conheciam bem
Que outrora acolheram em si
Hoje tem mais força
Hoje iguala todo homem a toda ave
Embora lhes diminua o ar
impedindo-os de voar
Hoje aterrisa breve e fatalmente
refaz-se em nossos pedaços
propulciona-se em nosso ímpeto
Destrói-nos em nossos nucleotídeos
É tão conhecida nossa
Feita de nós mesmos
Não é mais do que o que temos
Mas é mais do que um dia foi
De território em território, inesperadamente
Na calda das aeroaves
Nas rodas dos ônibus
Na velocidade do trem
Nas mãos
na boca
nos olhos
na face
No jornal das sete, oito, nove
Vinte e quatro padecidos
Vinte e sete confirmados
Uns bilhões desesperados
Hoje acordamos com "é isso mesmo."
Acordamos precavidos como nunca antes
Aterrorizados como nunca antes
Temerosos como nunca antes
Poupamos nosso futuro
para que talvez ele possa haver
Trancados em casa
Longe das naves vivas ou não
Há o caos de que ninguém fala
e que todos sussurram amedrontados
As nossas esperanças
adoeçem de nós mesmos
Nunca fomos tão enganados
Nunca fomos tão invadidos
e enquanto a falta nos desconforta
A presença nos enlouquece
Dirão que vem a cavalo
em branco, vermelho
em preto e baio
Debaixo de música e discórdia
Enquanto não soam as cornetas
Enquanto 1914 realmente acaba
Enquanto os selos não são tirados
Joãos, Zacarias e Danieis padecem da nave
Impávido que nem Muhammed Ali
Apaixonadamente como Peri
Tranqüilo e infalível como Bruce Lee
O axé do afoxé, filhos de Ghandi
Caíra primeiro sobre os pobres
Que juntos tremiam de frio
Que a curtiam no álcool
ou no sonho sulamericano
Há um rico se preparando
temendo o tempo
Há um rico trancado em casa
temendo o vento
Trará no ateu a fé
quando esta se afastar dos homens
e a ciência tardiamente
Nos tornar imunes ao que nos matou
Trará no forte o chão
Quadrúpede e ingênuo como um porco
A clamar por ajuda e zêlo
Ou pelo céu
Trará no visionário a dor
De nunca ter vivido
Por mais inventivo que fosse
Fora incapaz de inventar a cura
E todos os dias após
Serão grandes dias
E o corpo de quem resistir
será inóspito
Haverá valor na água
Haverá valor no sol
Haverá valor no beijo
Haverá valor no toque
Haverá valor na companhia
Haverá valor na diversão
Haverá valor na ciência
Haverá valor na conciência
Haverá valor nos Homens
Nos porcos, nas aves
Que jamais voaram tão imponentes
Sugando o ar e transformando em céu
Quero dormir denovo
e acordar sem este nó
quero afastar as minhas unhas da nuca preocupada
quero dar as mãos aos meus amigos e sentir suas vidas
Depois daqui, talvez haja
Aqui há
hei de viver aqui
Hei de morrer mais tarde
Como se fosse combinado (...) naquele dia ninguém saiu de casa.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Por quê "Marieta Manda Beijo..."?
Há um conhecido que diz que essa é uma "frase de efeito" do Brasil, provavelmente pela época da ditadura em que Chico Buarque, casado ainda com a Marieta Severo, compôs a canção "Meu caro amigo" para alguém exilado, provavelmente.
A expressão me remete a um lugar distante, onde se possa parar para pensar e viver um grande amor. É meio evasivo, fugere urbem, mas a loucura da metrópole tem suprimido o que venho estravasar nestes textos. Pensei em "Pasárgada", "uma piada de deus", mas decidi por "Marieta Manda Beijo..." por ser novo, original, inteligente e universal, na minha opinião, além de fazer um tributo a um compositor inigualável.
Se tivessem me dito antes que para ser responsável eu deveria pintar a diversão de pecado, a dor de costume e o tédio de paixão, acostumar-me-ia com a paixão dos pecados.
Exercício do papai
Então ele acorda às 8h10min e lustra o chão com a sua única meia sem furos, me dá um beijo de bom dia e eu o perdôo. Pergunto se já escovou os dentes, lavou o rosto e as mãos, embora a resposta esteja nítida aos meus olhos. Ele faz uma expressão preguiçosa e executa a tarefa do seu jeito (rápido e mal feito). Terminado o café, com aquelas histórias que não me faziam o menor sentido e que a ele tinham uma graça incontrolável, proponho um banho rápido, já que às 14h tenho que devolvê-lo impecável.
Tomamos banho juntos e ele fica contente com isso, não sei se é porque todo o trabalho de esfregar fica delegado a mim e ele pode jogar a água do chuveirinho em alguém para se divertir, o fato é que nestes momentos, ele me bombardeia de perguntas:
- Papai, quando eu crescer o meu pipi vai ficar igual ao seu?
- Pode ser que sim, mas é pouco provável - respondo.
- Por quê? - ele pergunta instantâneamente.
- Porque cada um tem seu pipi diferente, que nem o pé, a mão...
- Mas então o meu vai ficar pequenino assim para sempre? - já tão novo e preocupado com isso, ele me pergunta.
- Claro que não, vão nascer pêlos nele e ele vai crescer e vai ficar do tamanho do do papai... Até maior se você exercitar... - comentei um pouco maliciosamente.
- E como eu exercito o pipi, fazendo xixi?
- Também, respondi, mas tem um jeito mais eficiente, que todo homem só aprende sozinho e na hora certa. Só você vai saber a hora certa disso acontecer, respondi arrependido do momento em que abri a boca para aquele moleque curioso e ancioso que eu conhecia bem.
- Mas e se eu não souber a hora certa? perguntou.
- Pode ter certeza que você saberá, e pelos meus cálculos, você ainda precisa crescer um pouco mais para isso acontecer, fim de papo, enxugue-se e vista a sua roupa que já deve ser 9h.
Fomos então até a garagem do carro, onde lhe aguardava uma surpresa: uma bicicleta nova! Pude notar que ele preferiria um Nintendo Wii ou um Playstation, mas ele deveria se acostumar com a idéia.
Num parque bem arborizado, que no domingo de sol lota, propus a ele o seguinte, sentados na grama.
- Hoje você vai aprender uma das lições mais importantes da sua vida: o equilíbrio! Fique em pé! Primeira etapa concluída com sucesso! - ele parecia não estar entendendo, mas muito entusiasmado - Caminhe! Segunda etapa concluída com sucesso! Pule de um pé só! Parabéns, você está indo bem...
- Mas pai, é só isso? Isso eu já sabia... - Afirmou ele, decepcionado.
- Você sabe que toda grande lição é aprendida em etapas, não sabe? Então, agora vem a etapa mais difícil, que pode ser dolorosa, como tudo que nos torna capaz, mas necessária e divertida.
Coloquei-o em sua bicicleta, ainda com rodas de apoio e sugeri que pedalasse. Meio desengonçado, ele foi adiante.
- O seu controle está no guidão, não olhe para o chão, ele só mostra o caminho que já passou e nos interessa o que vem pela frente. Controle a direção no guidão e a velocidade nos pedais.
Retirei uma das rodas.
- O exercício é o mesmo, procure olhar adiante, agora com o cuidado de não ter um dos apoios.
Ele já conduzia bem melhor e já sentia o funcionamento e o controle sobre a máquina. Com umas três voltas, a roda de apoio já erguia-se em relação ao chão e eu o flagrava, nas maiores velocidades, andando e equilibrando-se sem a ajuda desta roda.
- Agora vem o mais legal de todos. Vou tirar a outra roda - havia pânico em seu olhar, embora fosse capaz - Vou impulsionar suas primeiras pedaladas e um tombo é natural se você não controlar o objeto. Você tem medo de se machucar? Pois não deveria, isso pode o tornar uma pedra estática. Sabe o que é estática? Que não se move, que nem a sua tia que só reclama que pode acontecer isso ou aquilo e não faz nada. Você viu como ela está, não viu? Você quer ficar como ela? Então arrisque-se, persista e confie em você, eu ainda estou aqui para o caso de correr perigo.
Eu fiquei encantado ao notar que só a última frase o deixara mais tranquilo, ainda assim com a ressalva do "eu AINDA estou aqui". Fiquei preocupado ao mesmo tempo e depois do primeiro tombo e do primeiro chororô, tomamos um sorvete e voltamos para "o segundo round" como ele dizia.
- O que você fez de errado da primeira vez? - perguntei.
- Eu tava indo, daí o négócio virou assim eu caí.
- Então não foi seu o erro, foi do "negócio"?
- É, ele tá muito mole - respondeu.
- É importante quando se recebe uma grande lição, saber reconhecer os erros cometidos. O "negócio" não se move se você não quizer, e como você não tem ainda habilidade, você não soube controlá-lo. É natural que tenha medo, e é prudente que o domine. Vamos tentar quantas vezes for preciso e em cada uma, até a pedalada perfeita, você terá de identificar onde errou.
Mais um punhado de vezes até que ele conseguisse manter o equilíbrio e o controle da bicicleta, caiu umas duas, porque eu consegui segurá-lo em dez e estava sujo e dolorido quando aprendeu finalmente a impulsionar a bicicleta com os próprios pés, lhe causando um transboramento de felicidade. Deu duas voltas no parque sem a minha presença por perto (pelo menos não que ele pudesse ver) e quando chegou fizemos a festa.
- Eu aguardei por este momento desde que chegamos, filho, você aprendeu muito rápido, quase rápido demais! Percebeu? O importante, depois que aprendemos a ter euilíbrio, é utilizá-lo. Tudo na naturesa vai tentar acabar com seu equilibrio, mas só sobrevive bem nela quem resiste e propaga este equilíbrio. Eu te amo! Tinha certeza de que conseguiria, até sem mim... Todo mundo tá babando no jeito que você conduz. Você já está um homem!
- Papai, já que eu sou um homem, pelos seus cálculos, não ta na hora de eu aprender a exercitar meu pipi?
É impressionante a noção de tempo das crianças, são tão livres e nós as adestramos para sucumbir à ditadura do tictac.
Gênios Transcedentais
Veja o Ed Motta: um banquinho, um violão e a voz soul propagando-se por uns 200Kg de gordura.
Genialidade transcedental
Para não citar mais uns cem...
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Pense!
"Já não há mais culpado nem inocente
Cada pessoa ou coisa é diferente
Já que assim, baseado em que
Você pune quem não é você?"
Elephant Gun
Em princípio, ao analizar a letra, parece meio anárquica, deseja-se derrubar o "Grande-chefe" com uma arma usualmente de caça, a Elephant Gun, para iniciar a festa, mas o verdadeiro significado disso tudo não me importa, como já disse, o importante é como cada um recebe a música, e um sentimento é comum: a nostalgia!
Apreciem:
If I was young, I'd flee this town
I'd bury my dreams underground
As did I, we drink to die, we drink tonight
Far from home, elephant gun
Let's take them down one by one
We'll lay it down, it's not been found, it's not around
Let the seasons begin - it rolls right on
Let the seasons begin - take the big king down
Let the seasons begin - it rolls right on
Let the seasons begin - take the big king down
And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the night
And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the silence, all that is left is all that i hide
A banda toca uma mistura de folk com música balcânica e cigana. Este instrumento da introdução deve ser o tal do Ukelele, que eu desconhecia.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Aprendizado
Algo estranho no ser humano, e de um modo tão peculiar, é o aprendizado. Suponho que todos os animais aprendam, mesmo que haja uma predisposição genética e evolucionista àquilo. Uma borboleta "recém-metamorfizada" não voa com a mesma graça que uma perto do fim da sua breve vida, assim como uma águia, em queda livre no penhasco, não sai desta condição com a mesma facilidade que sua mãe sairia, e para que isso aconteça, a mãe-águia joga seu filhote penhasco abaixo com a finalidade dele aprender a voar.
Nós não somos jogados penhasco abaixo, mas escola adentro, de uma forma às vezes monitorada de perto pelos nossos genitores, às vezes deixada ao sabor dos nossos mestres. Até então, aprendemos muita coisa: a chorar para mamar, a cuidar das nossas coisas, entre outras. Os nossos professores ensinam uma porção de coisas novas daí para frente, os nossos pais outra porção e da nossa interação com estes ambientes e com o resto do mundo, outra porção.
Até certo ponto da vida, buscamos formar a nossa personalidade com tropeços e trapalhadas que tendem a nos envergonhar no futuro, mesmo que neguemos desnecessariamente. Em outro ponto, tentamos impor ao resto do mundo, o nosso jeito de ser, o nosso grupo social e as nossas ideologias. Derrotados, cedemos ao mundo as nossas escolhas profissionais, o nossas alianças interpessoais e as rédeas do nosso futuro, buscando o que nos frustre menos.
Daí em diante, não me arrisco a comentar porque não vivi, mas saliento como precisamos aprender coisas novas e desaprender outras várias, ou até aprender de outro jeito o que torna peculiar o nosso aprendizado. Como o modo em que nos formamos nos atrapalha ou ajuda na quebra de paradigmas e como os nossos pais e professores interferem nisso tudo. Nunca antes tive tantos sonhos, e nunca houve entre eles tantos sonhos novos e principalmente, nunca tive tantos planos "Bs" para a minha vida. As vezes (quase sempre) quero retornar ao início da vida, e fazer de um outro jeito, "se eu soubesse disso antes"... Mas me basta refletir um pouco para notar que qualquer escolha é entrelaçada com dificuldades e prazeres e que eu não seria mais feliz com elas.
Exercito todos os dias a quebra de paradigmas, e isso pode ser tão difícil quanto doído, mas o resultado compensa o esforço. Tudo pode ser visto de outra forma, e o sucesso, a alegria, a satisfação dependem disso. O que eu julgava "falta de personalidade", "princípios fracos" hoje chamo de maleabilidade, de inteligência e de quebra de paradigmas.
A cada conhecimento adiquirido, a conclusão final sempre começa com "Sob este ponto de vista...", e muitas vezes eu noto que eu sabia como aquilo tudo funcionava, só não analizei direito, por estar tomado dos meus valores e certezas algumas vezes infundadas. Queria, como Oswald de Andrade, ver com os olhos limpos, mas é impossível! Contento-me, ao menos, em ver com os olhos abertos e focados.
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