terça-feira, 4 de agosto de 2009

Aprendizado


Algo estranho no ser humano, e de um modo tão peculiar, é o aprendizado. Suponho que todos os animais aprendam, mesmo que haja uma predisposição genética e evolucionista àquilo. Uma borboleta "recém-metamorfizada" não voa com a mesma graça que uma perto do fim da sua breve vida, assim como uma águia, em queda livre no penhasco, não sai desta condição com a mesma facilidade que sua mãe sairia, e para que isso aconteça, a mãe-águia joga seu filhote penhasco abaixo com a finalidade dele aprender a voar.
Nós não somos jogados penhasco abaixo, mas escola adentro, de uma forma às vezes monitorada de perto pelos nossos genitores, às vezes deixada ao sabor dos nossos mestres. Até então, aprendemos muita coisa: a chorar para mamar, a cuidar das nossas coisas, entre outras. Os nossos professores ensinam uma porção de coisas novas daí para frente, os nossos pais outra porção e da nossa interação com estes ambientes e com o resto do mundo, outra porção.
Até certo ponto da vida, buscamos formar a nossa personalidade com tropeços e trapalhadas que tendem a nos envergonhar no futuro, mesmo que neguemos desnecessariamente. Em outro ponto, tentamos impor ao resto do mundo, o nosso jeito de ser, o nosso grupo social e as nossas ideologias. Derrotados, cedemos ao mundo as nossas escolhas profissionais, o nossas alianças interpessoais e as rédeas do nosso futuro, buscando o que nos frustre menos.
Daí em diante, não me arrisco a comentar porque não vivi, mas saliento como precisamos aprender coisas novas e desaprender outras várias, ou até aprender de outro jeito o que torna peculiar o nosso aprendizado. Como o modo em que nos formamos nos atrapalha ou ajuda na quebra de paradigmas e como os nossos pais e professores interferem nisso tudo. Nunca antes tive tantos sonhos, e nunca houve entre eles tantos sonhos novos e principalmente, nunca tive tantos planos "Bs" para a minha vida. As vezes (quase sempre) quero retornar ao início da vida, e fazer de um outro jeito, "se eu soubesse disso antes"... Mas me basta refletir um pouco para notar que qualquer escolha é entrelaçada com dificuldades e prazeres e que eu não seria mais feliz com elas.
Exercito todos os dias a quebra de paradigmas, e isso pode ser tão difícil quanto doído, mas o resultado compensa o esforço. Tudo pode ser visto de outra forma, e o sucesso, a alegria, a satisfação dependem disso. O que eu julgava "falta de personalidade", "princípios fracos" hoje chamo de maleabilidade, de inteligência e de quebra de paradigmas.
A cada conhecimento adiquirido, a conclusão final sempre começa com "Sob este ponto de vista...", e muitas vezes eu noto que eu sabia como aquilo tudo funcionava, só não analizei direito, por estar tomado dos meus valores e certezas algumas vezes infundadas. Queria, como Oswald de Andrade, ver com os olhos limpos, mas é impossível! Contento-me, ao menos, em ver com os olhos abertos e focados.

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