Antes de ler, tecle "play"
Houve um dia
em que ainda não se tinha
inventado a Aids
e a prudência
Houve um dia
em que o amor e o desejo
reinavam soberanos
entre as pernas dos humanos
Houve um dia
em que não houve tempo
em que só ouve grito
e gemidos no ar
Houve um dia
em que o dedo que tangia a tez
penetrou a flor
para experimenar o mel
Houve um dia
Em que a língua habilidosa
resolveu ser curiosa
e molhar o corpo em interpelações
Houve um dia
em que o ar quente e úmido
era jogado na nuca
suplicando amor
Houve um dia
em que as pálpebras tapavam
o que os olhos censuravam
o que os pêlos levantavam
Houve um dia
Em que as unhas ferozes
traziam ao corpo a dor
que ele precisava para explodir
Houve um dia
Em que palavras sem nexo
espalhadas pelos ouvidos
traduziam o sentido e o prazer de existir
Houve um dia
em que cada nanometro de pele
ligava-se a cada nanometro de pele
transmitindo cada nanometro de prazer
Houve um dia
em que se quis algo novo
denovo, denovo
denovo e denovo
Houve um dia
em que se quis estar louco
mas nunca estar sonhando
Viver era pleno prazer e emoção
Antes que se exalte, olhe o homem feio da foto
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