Houve um dia
em que ainda não se tinha
inventado a Aids
e a prudência
Houve um dia
em que o amor e o desejo
reinavam soberanos
entre as pernas dos humanos
Houve um dia
em que não houve tempo
em que só ouve grito
e gemidos no ar
Houve um dia
em que o dedo que tangia a tez
penetrou a flor
para experimenar o mel
Houve um dia
Em que a língua habilidosa
resolveu ser curiosa
e molhar o corpo em interpelações
Houve um dia
em que o ar quente e úmido
era jogado na nuca
suplicando amor
Houve um dia
em que as pálpebras tapavam
o que os olhos censuravam
o que os pêlos levantavam
Houve um dia
Em que as unhas ferozes
traziam ao corpo a dor
que ele precisava para explodir
Houve um dia
Em que palavras sem nexo
espalhadas pelos ouvidos
traduziam o sentido e o prazer de existir
Houve um dia
em que cada nanometro de pele
ligava-se a cada nanometro de pele
transmitindo cada nanometro de prazer
Houve um dia
em que se quis algo novo
denovo, denovo
denovo e denovo
Houve um dia
em que se quis estar louco
mas nunca estar sonhando
Viver era pleno prazer e emoção
Antes que se exalte, olhe o homem feio da foto
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4IIoCEpNaVh5IqTZx_y2LikhSN2uLZVlp_-YfMIsb48U78CrjNv0HPTDmc9-nJk89daMA9GPCIqRvqRrwz7OnuDBtQwtaRKw5CL1VyoJnJbTwCzq8JeRZBc0lTG4ML6U6WB8NMXJ1IeOV/s320/baudelaire.jpg)
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