sábado, 19 de dezembro de 2009

Turma da mônica em 3D

Aproveito o momento para tentar me desfazer de uma dúvida que me incomoda desde criança. Alguém já deve ter visto alguma revista da turma da mônica cuja capa anuncia uma história ilustrada em 3D, sendo que nestas histórias há, na verdade, trés figuras idênticas colocadas uma em seguida da outra. Nunca vi nada 3D, será que tinha jeito?

Idéias em R.E.M. 10

Não é preciso disfarçar os seus limites, tampouco fingir que eles não existem. A alma travestida em mentira é muito frágil ao inesperado. A iniciativa de transpor os paradigmas da alma já enobrece ser, dispensando todo o fingimento, como uma força intrinseca que desabrocha em desculpas e mudança de atitude.
Existir é juntar o sujeito ao verbo.
Ser é pôr entre o sujeito e o predicado um verbo.
Amar é desnecessariamente adverbalizar um adjetivo
exagerado e inserir no meio de um ser que não existe.

Verbo

O meu verbo é vulgar
não com ar de verbo,
Mas com ar de vão
Que principia no nada
E termina em si
Costurando os pedaços
Espatifados da alma
em mosaicos desconexos
Incotectáveis de tão juntos
Indistinguíveis de tão distintos
Irremediáveis de tão doentes
Ao sabor das emoções.

Pobre verbo torto
Que não se sujeita à preposição
mas depende tanto deste sujeito
Vai dizer o que não queria
Vai carregar o nada de significado
Vai rodar como satélite
Preso e solto por uma força
Que só o alcança na morte
Vai ser verbo de qualquer um
Vai ser qualquer verbo
Reivindicar espaço entre choro
e as interjeições aleatórias
Vai tecer com saliva
O seu frágil fardo de verbo

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O cenário 1

Eu posso dizer que conhecia bem a orla da mata, mas a mata, mesmo que nela eu já tivesse penetrado e explorado, eu jamais conheceria. Era sempre muito diferente, mesmo a orla, da minha janela. Antes dela, fizeram um campinho com uma areia suja e traves de madeira podre, só que era tão tosco que tinha uma forma ovalada, o que não é muito conveniente, por exemplo, para a cobrança de escanteios. Acabou virando uma área multi-uso que pela ausência de fiação elétrica era um dos melhores lugares para empinar uma pipa na entrada do inverno.
Depois do campinho, na clareira dos pés de mamona, havia um acesso um tanto perigoso à ponte. Na verdade, não se pode chamar de "ponte". Era uma pinguela com dois troncos secos, um com cerca de 30cm de diâmetro e outro com uns 20cm paralelos que cruzavam um córrego extremamente sujo e aparentemente raso. Para cruzá-la, era preciso estar em forma com as "cadeiras", alinhar os pés a cada passo e dá-los curtos, para não se desequilibrar e cair no córrego. Não me lembro de ter ouvido que alguém tenha caído alí, mas temia que isto acontecesse, embora cruzasse com uma aparente confiança e agilidade.
A orla era repleta de árvores compridas que tinham muitos galos próximos do topo e quase nenhum mais embaixo. Já me disseram o nome delas, mas eu não me interessei e esqueci. Podiam ser vistos pardais, sabiás, bem-te-vis e às vezes alguns equinos, que certamente não cruzaram a pinguela para chegar alí. Era evidente a presença humana naquela mata aberta. Havia uma trilha de terra batida muito bem definida e ao longo dela embalagens, peças de roupas e calçados de criaças que pelo estado já não cabem mais nos pés das donas. Sem desviar muito da trilha principal, podiam-se ver alguns tachos de cerâmica que continham as mais diversas iguarias: balas, pirulitos, farofa, galinhas decaptadas, litros de cachaças meio cheios e vazios e em volta, cera derretida ou até velas que não tiveram tempo de queimar, de todas as cores, mas predominantemente pretas, assim como as galinhas.
Lembro que na minha infância eu era frequentemente estimulado a descrever um raio de uns quatro metros em volta dos tachos, mas era como uma prova de masculinidade urinar sobre ele, não importa o que tivesse dentro, mesmo os doces mais saborosos.
Havia sempre quem dissesse "Vixi, isto aí é macumba das braba!" e "Num mexe cu'isso, não, rapaz!". Mas era tão bem preparado, como um banquete que alguém fizesse para alguém muito especial. Me disseram que era para o demônio e por isso ficava na janela o no telhado da minha casa espiando para saber qual a cara deste bicho, mas ele parecia desdenhar toda aquela comida e muito mais a minha atenção.
Por todo lado da trilha havia bitucas de cigarro, estes de todos os tipos: industrializados, de fumo de corda, de maconha, cachimbos de craque e seringas usadas e jogadas no chão da terra seca, mostrando que enquanto eu não vigiava a floresta, o demônio fazia a festa! Uns demônios mais discretos, talvez até não demônios, visto que estes podem até ser considerados os melhores camareiros do sexo e os únicos que adimitem que duas pessoas gozem em perigo, o que acho um mérito, já que os mantém a salvo da selva, mas não tanto das seringas e dos cigarros, deixavam vestigios da cópula no mato. Camisas de vênus que custei a saber o que eram e que assim as chamavam estavam sempre espalhadas pelos poucos cantos que a mata tem. Alguns ainda guardavam o resto do sexo, outras um pouco de terra seca.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Propaganda novo fox

Como eu sou louco por propaganda, segue a melhor das novas:


Like a bridge on the trouble water

Primeiro, a versão do compositor:



Em seguida as minhas preferidas em ordem decrescente:















Na verdade, gostei muito de todas, mas o Elvis é IMBATÍVEL!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Cadê o diabo?


Ai, gente, onde eu coloquei o filtro de café? JÔ, você sabe onde está o filtro de café? Na primeira ou na segunda?
Hoje eu preciso resolver aquelas coisas do banco, espero que ele já tenha separado os documentos. Eu levo as crianças, aí eu vou pro trabalho e na volta eu passo no banco, tiro o dinheiro e levo pra minha mãe.
Leite com café ou chocolate? Leite com café ou chocolate? Não sei olha na geladeira. Você pegou o seu trabalho? Olha, João, se eu receber mais um bilhetinho da sua professora, esquece o vídeo-game! Segura a mamadeira do seu irmão pra mim. Jô, você separou os documentos? Que documentos? Os do banco! Pelo amor de Deus!
João você não escovou os dentes, pode ir enquanto eu ajeito as coisas no carro. Ai, meu lindo! Mamãe já vai! Coisa fofa! Tchau amor, acho que umas 6 horas eu chego, aí dá para eu fazer comida até você chegar. Tô atrasada! João, me ajuda a prender o cinto no seu irmão. Você colocou o cinto? Deixa eu ver. Ah.
Aí eu saio do banco e dou uma ligada na minha mãe. Meu Deus, eu não estava preparada para esta agora, quero ver como eu vou pagar a creche! Eu preciso comprar leite, fraudas, salada, carne. Quando eu sair da minha mãe... Ei, eu tenho duas crianças aqui, seu barbeiro! Comprou a carta? João, pega suas coisas. Ai, meu Deus , eu estou atrasada! Filho, respeita a sua prô, faça o que ela pedir e seja um menino bonito! Eu passo aqui pra te pegar.
Ai, este trânsito está infernal hoje! E este calor, preciso comprar repelente de insetos! Preciso ver uma bolsa nova, esta aqui está um lixo! Ai, como será que está o humor da chefa hoje! Ontem ela estava o cão! Vou chegar de mansinho! Mas já estou atrasada! Oi, está passeando? Eu estou atrasada, meu amigo! Não posso esquecer de falar para a minha mãe avisar o Nelson sobre o emprego! É uma oportunidade e tanto, e ele já está sem dinheiro, a Carla que segura as pontas com as faxinas! Droga, não tem vaga! Achei uma! Embaixo da árvore, que bom!

Preciso falar com a Telma sobre o relatório, parece que tem uns erros. Ai! atrasada! Bom dia! Como vai o seu pai? Ah, você vai ver, vai dar tudo certo, minha mãe já fez umas três cirurgias destas e está bem viva! Olá! Bom dia!

Aleluia, ela também está atrasada! Cadê a Thelma?

...

...

...

...

Ai, meu Deus! Dá licença, Meu Deus, que horas são? Não! Não! Meu filho, gente, meu filho está no carro! Meu Deus! Meu Deus! Eu prometo, meu Deus... Ai! Não, ai meu Deus, ai! Sai daqui! NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOO!

Ai, eu... ai... meu Deus...

Não pode! Cadê meu filho?! Cadê?! Ahn, meu filho, gente? Cadê, gente? Nâo faz isto comigo, não! Olha, por favor, esta brincadeira não tem graça nenhuma! CALA A BOCA! SUA IDIOTA! NÃO, GENTE, NÃO! NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!

Eu vou morrer, só um segundo, que eu morro, ou então eu acordo... Devo ter pegado no sono. Preciso de descanso, perdi a hora, preciso descansar! Ai, ai! É hora de acordar, né, gente? Tenho três bebês para criar! 2 A PUTA QUE PARIU! CADÊ MEU FILHO! NÃÃÃÃÃÃÃO!

Ai, moço, tira esta corda de mim. Deixa eu ver meu filho! Pega ele lá pra eu ver... vai... pega para mim... Olha, hoje eu ia fazer um empréstimo, eu faço, te dou e você devolve meu nenê! Que tal? OLHA PARA MIM! héin? Que tal? O que você quer que eu faça? Eu faço, mas me devolve meu filho...

NÃO! CALA A BOCA! VOCÊ NÃO SABE O QUE ESTÁ FALANDO! NENHUMA MÃE NO MUNDO IA ESQUECER O FILHO NO CARRO ATÉ ELE MORRER! NÃO! SEU LOUCO! SEU CRETINO! SAI DAQUI! Sai daqui e volta com o meu filho, pelo amor de Deus... Eu não estou aguentando ficar sem ele! Olhe, eu sei que ele quer mamar, está na hora, eu preciso trocar a fralda, olhe, ele deve estar chorando... olhe, eu ainda tenho leite, não tenho AIDS! Tráz ele aqui, dois minutos, tráz ele aqui!

Eu quero ver o sorrisinho dele, os dentes já estão começando a nascer, sabia? Ele até já disse "mamá"! Vai ser muito inteligente, se Deus quiser! Traz ele aqui, eu imploro! Nããããããããão! Ele não pode ter morrido antes de mim! Eu sou uma assassina! Eu sou uma louca! Eu quero morrer! Eu preciso! Me mata, eu sei que você pode, me mata, ME MATA! NÃÃÃÃÃO! NÃO CONSIGO VIVER! MEU DEUS! EU QUERO MORRER! Vai, põe um veneno no soro, seu idiota, fala que eu não aguentei a verdade! Fala que eu não consigo viver em um mundo em que é mãe matando o filho! Ai, isso! Sinto-me leve, quase morta! Obrigado! estou quase morrendo! Mal posso esperar para ver a cara do diabo! Ele vai sentir inveja de mim! Espero que tenha algo bem desagradável para eu fazer no inferno...

Nunca imaginei um inferno branco assim. Ruídos, homens e mulheres de branco ou azul, nunca imaginei. Também nunca imaginei que fosse matar meu filho, e no entanto... Realmente, estas cintas são desconfortáveis! Mas eu preciso de mais! Cadê o Diabo?

Apenas vista o vestido vermelho


Nossa Senhora! Que dia quente fez hoje. Não consegui ficar debaixo do sol quente conversando com as colegas. Estou estatelada aqui nesta cama desde a janta!
Acho graça destes doutores falarem: "Dona, a senhora precisa caminhar, está muito obesa!". Gorda mesmo. Estes médicos não sabem o que é se aguentar em pé. Não são apenas as varizes, os 130kg, a diabetes. Eu aguento 85 anos de vida. Estes médicos leêm milênios de livros mas são estúpidos demais com essa senhora aqui. Não me lembro o sabor de um manjar, há tempos que peço um cigarro para morrer e não me dão. Não posso dar um passo sem que me perguntem o que vou fazer.
Eles deviam ter me conhecido moça, linda, a dançar como uma dama no baile da minha cidade. Coronéis, vagabundos, todos me queriam. Eu, com apreço à boemia, contradizendo meus pais, escolhi um vagabundo que morreu cedo. Devia ter me aguentado, mas a saia já não podia conter as chamas. Casei puríssima e linda... Ainda me lembro da cerimônia, do cheiro das flores do campo, do Padre, das comadres todas muito arrumadas... Aceito! Meu pai chorava o álcool que havia bebido. Coitado! definhou 76 anos de vida curtidas no álcool e nas surras que dava em minha mãe. Esta pobre não teve o mesmo fim, deixou-nos aos 50 anos, triste e morta já.
Mas se eu vestisse aquele vestido vermelho de cetim pegado na cintura, não havia homem nem mulher que não me olhasse. Que será que fizeram com o meu vestido? Será que estão usando? Ficaria ótimo no corpo da minha filha, por isto dei a ela. Amanhã, vou pedir à Maria que me faça uma ligação e peça a minha filha que venha me ver vestindo aquele lindo vestido vermelho.
Ah, mal posso esperar! Vou pedir que venham todos ver este caco, e que tragam um pedacinho de manjar, que não carece mastigar já que dentes não tenho. Vem meu filho, minha filha e meus netos. Acho que tenho seis netos que são as coisas mais lindas do mundo, embora nunca os tenha visto. Vou pedir que tragam as fotos para eu mostrar a estas velhas a formozura que eu era! Ah, que chamem os filhos do mais velho, que há muito não vêm me ver! Devem estar lindos! Coitado! Não pôde ver os filhos crescer! Era tão responsável, e morreu tão cedo!
Não é certo uma mãe ver seu filho deitado em meio às flores com algodão no nariz, frio e imóvel. Não é certo ver meus netos chamando pelo pai na crença de que ele fosse acordar. A minha nora, de tão dopada, não sabia nem o próprio nome. A outra vestindo festa e unutilmente segurando a minha mão como quem tem nojo de mim. Queria ter perdido o lenço para assoar meu nariz naquela pata de cadela! Ah, não! Porquê Deus permite uma mãe enterrar um filho? Não, não é certo! Ver aquele caixão fechando, os homems levando o meu filho pra dentro da cova... Não! Eu devia estar alí! Que caco sou eu que resisti áquela dor e não consigo caminhar sob o sol?
Mas o outro vem! Ele disse que viria, e eu criei homens, não canalhas. Meus filhos têm palavra! Sempre quis ter uma menina, mas só tive dois homens, contudo, os criei como verdadeiros homens! Esse último relutava, tinha tudo que quis e que o outro não teve, mas relutava em virar hommem. Mas homem se tornou! Trabalha, sustenta os filhos, a sogra, a cadela e os cachorros dela! Quando me deixou aqui, bem que disse, era o melhor para mim. tenho aqui as minhas orações, as minhas coleguinhas e meio pão seco todo dia. De que mais eu preciso? Não precisava é destas gentalhas pra me mandar andar no sol! Bando de descarados!
Amanhã vou pedir pra ele vir, como prometeu, vou pedir a Maria que ligue e diga-lhe que venha ver-me enquanto estou viva ainda! Disse que vinha no natal passado, mas mandou vir o pessoal da igreja, que olha agente com cara de dó e acha que sem dente não se come. Não quero que mande ninguém! Quero que venha e sem a cadela de preferência! Amanhã, sem falta!
Vou pedir à Maria e ele virá! Ah se soubesse como estou triste...
Como estou só...
Como tenho saudades dos netos que nunca vi...
Ai, meu Deus, espera um poquinho pra me levar, espera eu dar um beijo na testa dos meus netos, espera eu dizer que os amo...
Pare de chorar, velha caduca! As outras vão notar!
Tola, se desfaz em lágrimas por qualquer coisa! Enterrou um filho, um marido e há dez anos se esqueceu o que é ser feliz, de que vale chorar agora? Tem esperança, sua velha? Tem esperança de que ainda vai ser feliz? Gorda, doente assim? Depende de alguém para tudo. É um estorvo e já passou da hora de morrer! Não merece ser feliz. Não merece e tem esperança? Seu filho não te aguenta a clamar de dor, ele não quer vê-la!
É mentira, por tantas vezes acariciei sua cabeça chorosa quando sentia dores tão pequenas, ele há de vir dar um pedacinho do seu precioso tempo às minhas dores. Vêm hoje! Já vejo o sol nascendo, olhe. Olhe, alguém na porta! Dona Maria, Bom dia!
"Seu filho veio te buscar, ele não quer mais a senhora aqui conosco."
Graças a Deus!, pede para vir que já me apronto! Arrumo minhas coisas num minuto, sinto até vontade de caminhar...
"Pois então caminhe, sem nada. Ele disse que terá tudo novo e não precisará da velharia que tem onde vão morar... disse que se tiver um vestido vermelho, que vista."
Claro que tenho, aqui! Sempre esteve aqui, será que ainda me cabe? Meu filho! Meu filho! Meu Deus! Por quê me deixou?
"Não importa, venha comigo, quero lhe mostrar uma coisa."
Quanto tempo não seguro sua mão, tão forte e mal tratada, é tão bom segurá-la! Meu Deus! Meu filho! Você parece com seu pai, pena você não ter vivido para ver o trapo que ele se tornou...

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

domingo, 15 de novembro de 2009

Exposição Pequeno Príncipe na Oca


Hoje tive a oportunidade de curtir a exposição sobre O Pequeno Príncipe na Oca do Parque Ibirapuera.
A exposição é direcionada principalmente às crianças, mas como acontece com a obra, entretêm muitos adultos. Na parte térrea da Oca agente pode experimentar diversos box com partes da obra projetadas, exculpidas ou pintadas nas paredes. O bacana é que a entrada dos box são recortadas em formas que sempre remetem à parte do livro a que ele se refere e cada um é um tanto diferente do outro. São todos ambientes lúdicos pelos quais se é guiado por estrelas projetadas no chão, para não perder a ordem. Muita cor num ambiente um pouco escuro dão o tom de sonho no qual nos perdemos com facilidade.
Uma parte bem legal é o box no qual uma criança segura uma esfera luminosa por trás de um pano semi-transparente e um monte de aves projetadas sobre o pano seguem exatamente o movimento da esfera.
Na parte inferior do prédio, há uma pequena biografia do autor, Antonie de Saint Exupéry, mostrando sua afixção por aviação e os incidentes de sua vida que influenciaram na sua obra. Há uma seção de "cinema" com um narrador bem empolgado enquanto alguém projeta no telão os presonagens e paisagens, como se fossem fantoches digitais.
Na saída, temos a oportunidade de escrever uma mensagem em uma estrela amarela e pendurá-la por alí.
O programa vale bastante a pena se tiver crianças, o problema é que as que foram comigo corriam na frente, se perdiam nos box e ficavam se metendo no meio da foto dos outros, tamanha era sua empolgação.
Achei legalzinho.




sábado, 14 de novembro de 2009

Mulherada fantástica









Um pouco de Elvis

Cio da terra

Clube da Esquina 2



Pense num tempo em que artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, não podiam criar. Todas as idéias contrárias eram reprimidas. Pense naqueles jovens que queriam salvar a pátria daquela repressão. Aos desiludidos, ofereço esta música.

Não sei se tem em todo mundo o poder que tem em mim.
É sem dúvidas uma das melhores músicas do mundo.

Alejandro Sanz e umas gatas

Gostei muito do vídeo, espero que curtam os sons.






Ó refrão desta música costuma me irritar... mas esta aí.

sábado, 7 de novembro de 2009

Introduções inesquecíveis

Estas vêm no sangue







Alguma sugestão?



















Creep - Radiohead



Uma das melhores músicas de todos os tempos!
Infelismente, a nossa fraqueza de auto-estima.

Mas o blues me infecta



Close your eyes. Listen. Feel.

Amélia não faz papai e mamãe

As ações eram sempre rotineiras. Ela tinha o fardo de mãe e de dona de casa que carragava com muito custo e gosto. Às 5:50 preparava o café bem forte, cujo cheiro levantava o marido da cama ralativamente bem disposto. Ele se encumbia de chacoalhar a garotada para ir à escola enquanto a mulher preparava o café da manhã que era posto à mesa.
Todos comiam, mas só os pais e a mais nova falavam. Os dois adolescentes tinham os olhos inchados e mal-humorados de quem acorda cedo por obrigação. O pai comenta as notícias do jornal enquanto a mulher tira a mesa. ELe sempre achava que ela só tinha a versão dele dos fatos, mas na verdade, ele só tinha a dela. Ela concordava, comentava, contrapunha, tudo com o maior respeito às opiniões do marido, já que eram ramos das suas. Quando a garotada estava pronta para ir, depois de muitas chamadas e broncas, o marido que era o último a entrar no carro, dava um beijo na esposa que entre tanta correria, parecia no beijo ter tempo de sugar sua alma e calar sua boca. Quando ela beijava assim, seus dias eram cheios de expectativas.
Ela então vestia a camisa mais rota para cuidar das tarefas domésticas, ainda quando se ouvia o ronco do motor do carro do casal. Era uma camisa cinzenda que poucas vezes havia sido flagrada vestindo aquilo, mas servia. Ligava a televisão e apanhava as roupas do varal que já haviam secado. Neste movimento a camiseta deixava ver a barriga que embora tivesse abrigado três bebês, ainda mantinha uma consistência desejável.
Na próxima tarefa, lavar a roupa, ensopava a camiseta velha, e naquele dia os mamilos protuberavam entre as manchas d'água, e não se sabe se ela notava, mas seus seios pareciam grandes e carnudos embaixo daquela camisa molhada e do bico apontando para o céu. Terminada a lavagem, era a vez do ferro e ela, para não ficar semi-nua, tirava a camiseta ensopada e punha um sutiã velho e até rasgado no seio direito, mostrando um pedaço rubro do seu corpo que dera de mamar aos seus filhos e que agora só mama seu homem.
Limpava a casa toda, alimentava os cães que a assediavam com patadas e lambidas despretenciosas e usava o resto de tempo para se cuidar. Punha uns bobs no cabelo, pintava as unhas, passava cremes na pele e arrumava a comida da prole faminta e inquieta. Quando a criançada chegava da escola, vinha louca por sua comida. Alimentados, a adolescente logo se pendurava no telefone e o jovem corria para a rua enquando a menininha brincava sob seus olhos. Broncas, discussões até que todos mantivessem seus quartos habitáveis.
Ela ia ao banho. Tapava os bobs com uma touca de plástico e se despia rapidamente. Punha-se debaixo do chuveiro a massagear as tetas e as coxas para que a esponja as pudesse explorar. Saía do seu peito o leite que restava da sua última gestação, quente, manchando a parede. Passava a esponja no sabonete e ela corria por todo o braco, depois lambuscava os seios e a barriga. Com algum esforço, tangiam as costas e as nádegas. Ela então as afastava um pouco e punha entre elas a esponja e esfregava ali bem até finalmente por do dedo até o meio e certificar-se de que estava limpo. Introduzia a mangueira do cchuveiro no ânus e sentia a água morna rondando o seu intestino, até expelí-la toda branca e limpa. Passava então à vagina. Esta merecia cuidados ainda mais especiais. Aparava com o presto-barba do marido os pêlos que corriam à virilha e fazia um desenho ali que fosse agradar. Punha um pouco de shampoo na mão e esfregava na pubis suavemente. Com os dedos indicador e médio, afastava os lábios do clítoris, flexionando levemente os joelhos para que de alguma forma fosse capaz de enchergar o que fazia. Passava sabão nas mãos, nos dedos e os introduzia no canal vaginal em movimentos repetitivos que endureciam os seus mamilos. Coçava, enfiava, arranhava, espumava, até garantir a limpeza total e punha também ali a mangueira do chuveiro, agora por menos tempo, mas soltava um gemido por imaginar para que o prato era tão bem preparado. Passava então a esponja entre as coxas, nos joelhos, nas pernas e com mais força na sola dos pés até que se sentisse limpa e cheirosa. Enxugava o corpo suavemente, vez ou outra apertava o bico dos seios e suspirava. Pressionava a toalha no ânus e em toda a entrada da vagina até que ficasse seca. Tirou os bobs e deixou cair os cachos perfeitos.
Estava pronta e vestindo uma camisola e uma calça super discretas quando seu marido chegou. Foi logo lhe danndo um beijo e sentiu aquele cheiro o qual já levantou o seu pênis que ficou a pulsar por todo o jantar e até que as crianças se acalmassem e fossem deitar. Trancada a porta do quarto, o marido vestia um roupão de banho, que tratou de tirar e deitar nú sobre a cama, à espera de sua mulher. Ela com muita dissimulação tirava vagarosamente o roupão e a camisola, enquanto ele agarrava os lençóis e urrava de desejo. Ela virou-se de costas para abaixar as calças e mostrar as fartas nádegas balançando ao marido,o qual agora já dizia a ela palavras indelicadas como tinham de ser. Ela ajoelhou sobre a cama, arrebitou bem o quadril massageou as coxas do marido com as unhas, a mão e a boca. Quando chegada ao nervo pulsante, seu marido agarrou-a pelos cabelos e deu-lhe um beijo feroz que encheu sua boca de saliva. Ela então passou a chupar e engolir seu marido freneticamente enquanto ele tirava seu cabelo da frente, gemia e xingava sua mulher. Passava, vez ou outra, a língua pela cabeça do membro, onde se misturavam o sémem e a saliva da mulher, e tornava a engolir até que seus lábios chegassem aos testículos do homem. Quando percebeu que já não mais podia-se aguentar, olhou nos olhos do marido, deu-lhe um beijo longo e as tetas para chupar. Ele mordia, engolia, enquanto suas mãos afastavam as nádegas da mulher e seu dedo roçava o ãnus dela. Ela gemia mais baixo, com medo de que os filhos a escutassem. Desceu à barriga dela e dalí à vagina. Deixou ali uma baforada, uma mordida que quase mata a mulher de tesão e a língua a brincar com os lábios. Punha o nariz, o dedo, tapeava e ela já se esquecia das crianças, derramendo sobre a boca do marido o seu prazer. Ele, enquando brincava, punha um dedo no ânus dela, o que a fazia levantar a vagina e deixá-la ao alcance da sua boca. Ela arranhava seu braço, gritando.
Num movimento súbito agarra a cabeça do marido e pede para ser penetrada, ele, com muita presteza, obedece. Põe seu corpo sobre o dela e começa a repetir o movimento que já segue em tapas de um corpo sobre o outro. Ela puxa os próprios cabelos e toma um novo banho do suor do marido. Ele, louco, dá-lhe uum beijo do qual se estica uma linha de saliva que escorre da boca de ambos. Trocam de posição, de injúrias baixinho, de tapas e puxões de cabelos, de beijos, de abraços, de urros. Ela se ajeita sobre seu pênis e cavalga loucamente com as mãos apoiadas nas suas pernas e ele, não se aguantando mais, libera dentro daquele útero estéril, o seu prazer. Urra, geme, treme, puxa para si o corpo suado da mulher e cola no seu. Dá mordidela na sua orelha, ainda sonoro. Ela vira e deita-se sobre o corpo do marido. Respinga da sua vagina o líquido quente que ele lhe deixara. Sai da boca os bafos de ambos cruzados. Os seios dela se espalham entre os pêlos do peito dele. O nervo dormente e repingando ainda está em contato com a vagina dela. As pernas dela enroscam-se nas dele, que tremem. Já não há mais lençol na cama. O cochão está imundo. Os dois estão limpos.

domingo, 1 de novembro de 2009

+ propagandas





+ Propagandas





+ Propagandas







Propagandas




Este é foda.

Queria ter uma sacada destas



Revisão Volks (propagandas)



She did it again



Esta mulher está mexendo com meus instintos...
Note no minuto 3:08 que a coreagrafia se assemelha bastante à quela da Joelma do calipso!

Doida!

Mais uma da aluna da Uniban



Assistam a este vídeo que (ainda) pode ser incorporado. A Uniban mandou tirar TODOS da internet.

A ação da Universidade é prudente e dentro do esperado. Ela deve estar ciente da ruína da sua imagem apesar de ter até um canal de televisão.
Eu reclamava da galera da USP que reclamava do que eu chamei de qualquer coisa. Mas hoje que eu tomei conhecimento dos "protestos" da Uniban contra uma minissaia, revi todos os meus conceitos e reconheço que os questionamentos que vêm a tona do corpo discente da USP são quase sempre pertinentes e necessários.
No entanto, este fato é todo ele uma contradição. Primeiro que a universidade deveria prezar pela liberdade de expressão, sendo esta iniciativa de interesse principal dos alunos. Segundo que a maioria das pessoas que entoavam o coro hipócrita que repreendia a liberdade da aluna era composta de pessoas jovens e teoricamente mais "maleáveis" com relação à vestimenta. Terceiro que quem como eu vive o dia-a-dia de uma universidade sabe que há lá muitas atitudes mais indiscretas e perturbadoras que uma mini-saia, e mesmo assim, seus atores engrossavam o hino de guerra contra ss pernas à mostra. Quarto que este episódio pode caber melhor a qualquer país ao redor do mundo e possívelmente além dele, mas ao país do carnaval, isto ultrapassa o limite da hipocrisia para a estupidêz. Quinto que não se reúnem pessoas na universidade, que não seja em aula de moda, para discutir a rouupa dos outros. Sexto que as mulheres já têm uma história de luta por igualdade que execra justificadamente este tipo de ação. Sétimo que muitas das vozes masculinas desejavam aquelas pernas e tantas das femininas invejavam a coragem da moça.
Este vídeo tem razão de ficar conhecido, de correr o mundo, pela sua injustificabilidade. A única coisa sícrona com este comportamento é a idéia de que o Brasil do carnaval e da prostituição tem em suas universidades jovens mais interessados na mini-saia de uma aluna que em de fato livrar o país do referido estigma.
Poderiam ter hostilizados todos os executivos que aqui usam gravatas e transformam o clima dos seus escritórios em europeu para parecer mais chique. A gravata é digna de sarro, num país tropical. Podiam gritar "sem criatividade, sem criatividade" por menos musical que o ouvido perceba a frase.
A garota tornar-se-á heroína, mas a Uniban, que eu não tenho como dizer se é boa ou ruim, vai ter que lutar para "limpar" a imagem do seu corpo discente.'

sábado, 31 de outubro de 2009

Banho

De certa forma, tenho medo de olhar para fora. Tenho medo de ver tudo que compõe o mundo em partes, não como um todo. Me fecho em mim querendo explicar e embasar as minhas teses, para eu não ficar louco.
Uma hora o mundo me chama, noutra me grita, noutra me puxa num movimento atroz arrastando minha cara sobre ele. Eu já não me vejo mais, já não sou capaz de elaborar uma teoria consistente. A verdade é que nestes instantes não sou capaz de mais nada. Não sei se existo, não sei se sou ali um mero pano de fundo para as coisas acontecerem. No mundo, as coisas acontecem, e esta é a única coisa que eu não posso mudar, no entanto, fico estático.
Meus olhos não me encontram, meus pensamentos se desencontram e como se esta fosse a única palavra que eu soubesse, pergunto-me porquê.
Quando eu me esqueço de mim eu sou uma espoja, não só pela primariedade desta taxonomia animal, mas e principalmente por me deixar ser invadido em cada superficie sensível por aquele jorro de informações avassalador. Não tenho mais problemas. Quando começo a me organizar, sou uma dúvida tão fndamental que começa parecer egoísta sofrer de tudo que eu sofro.
A serventia da casa é o que me põe próximo do mundo, ou simplesmente me lembra que eu sou só um pequeno pedaço dele insubstituível, ainda que completamente dispensável. Vou para casa limpo de mim, e impregnado do mundo, tingido de rua, de vento, de chuva, de doença, de guerra, de pobreza, de festa e de tudo que me suja de novo quando eu tento organizar. Suja-me de uma sensação de insignificância reveladora que vem manchando a minha alma de dúvidas existenciais. Então percebo que está na hora de me virar do avesso, e lavar no mundo toda a minha tristeza. Perco tanta coisa que penei para construir, mas que de tanta não tem nada. Sofro, porque lavar-me dói, machuca mas transforma.
O mundo tem a causa e cura à dor do indivíduo.

Marieta manda um beijo especial

É assim, com as pessoas que mais estimo
Ela estava tão imersa nos seus cachos
Que Roberto nenhum estimaria com precisão
Quantas histórias haviam ali para contar
Mas quando dali saía um sorriso
dependurado na ponta do nariz
Vinha como uma onda de entusiasmo
Como uma espécie de vigor
Como uma dose diária de um antibiótico
Como um tratamento imprescindível

Resguardava a ternura das mulheres
Na força de uma amazona
Lutando por si e por todos
Era inevitável querer vê-la
Pedir a sua franca opinião
De quem sabe do que está falando
De quem diz o que pensa
Não por te amar menos
Mas por te amar mesmo
Quando estava mal, fazia do dia uma pena
Já quando pendurava na ponta do nariz
Um sorriso despretencioso
Era como uma onda de vigor

Por aí, seus cachos lhe dão aos pulos
a alcunha de menina dos cachos
Por aqui, dão-lhe a força de propulsão
que vem como uma onda de vigor
Por lá, devem ornar as histórias de Robertos
Caetanos, Renatos, Guilhermes
Ou de quem teve a sorte de experimentar
Um pequeno canto esquecido do seu peito
Uma amostra singela do seu afeto
Uma traquilidade certa da sua proteção
Um pedaço cacheado do seu coração

Não há reta até ela, não que seja torta
Seu mapa é escrito em círculos concêntricos
Que se afunilam num beco sem saída
Ou se há saída, trata-se de esquecer
Ninguém quer sair dela afinal
Todos querem se encher dela
E há sempre uma espacinho reservado
Que cabe uma onda de vigor
Uns cachos quase controlados
E um sorriso pendurado na ponta do nariz
Com S, com Z, com todo o alfabeto
E até com todos os alfabetos
Não escreveria com os devidos léxicos
o inebriamento completo da sua presença

Luisa, isto não é um poema
Isto é um prego que bato entre seus olhos
Fincado no meio do seu rosto
Perdido entre seus cachos
pra pendurar na ponta do seu nariz
Um sorriso de que eu tenho saudade

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Piruetas



Me espanta o fato do cara não ter rompido a coluna uma hora!

Acho que esta é uma vídeo cassetada em potencial. Infelismente, ficou surpreendente

Twitter: meu perfil

http://twitter.com/GuiManDam

Tentando entender a finalidade do "microblog".
Quase sempre frases bestas, mas que entretem.
Um monitoramento da vida alheia com seu consentimento.

Insoniazinha

Enquanto não durmo vou rimando
Ocasionalmente me preocupando
Com a hora de deixar de rimar
Hora essa que vem muito tarde
Quando o amanhã condena o corpo a se cansar

Não sei se rimo bem ou rimo mal
Não li Camões para rima como tal
Deve ser infantil pra beijara a prô
Deve ser simples como um forró vulgar
Deve ser ungênuo como um circuladô

Não sou bom com estas rimas retas
Regulares, rígidas, precisas, concretas
Não faço repente com o som do povo
Vez ou outra invento uma rima nova
Vez ou outra a uuso denovo

Parece-me ridículo, tosco e dispensável
Mas é o que risca o lápis, nçao sou responsável
Ttalvez o sejam os limites da minha mente
Que só ambiciona escrever umas rimas
Que não incomodem o ouvido da gente

Daqui mais quatro deixo de lado a rima
E também termino o texto para manter o clima
De trovinha besta que só foi decorada
As custas de ameaças e má vontade
Para homenagear a pátria um dia amada

Violão de parede

Entre a madeira velha e a alvenaria
Dorme negro e intacto o meu violão
E o tempo que foi gasto com porcaria
Não despende um segundo numa simples canção

Um sonho materializado num objeto
Jogado num canto escura já a mofar
Embalado ainda como um futuro projeto
De toadas romãnticas se pro a tocar

É como se chorasse às vezes
A minha estranha indiferença
De largá-lo ali por meses

Tenho um violão, dedos e vontade
Mas e falta é tempo livre
Para ver se tenho habilidade

Mísero

De repente um demônio vem
destes chatos como um som agudo
lhe descobrir os pés já tão quentes
lhe inquietar o sono impuro
lhe ronda o corpo inteiro
endurece o travesseiro
Até por no colo os seus pensamentos
As suas lembranças menos resolvidas
Fica a fazer cócegas nas suas certezas
Até que caiam cansadas e humilhadas
De tento rir de si, de tanto provar nada
Daí adiante o transforma num deles
Que vai propagar dúvidas aos ventos indecisos
Que vai cutucar o choro dos mais suprimidos
Não sossega desta maldição que o condena
A pensar tanto que não chega a valer a pena
Manter o caderno fechado como um alheio
A tanta melancolia de que já está cheio
Então arranha com ódio e com calos
Do que não transpassa os seus gargalos
Do que te faz ver tudo mais complicado
Não tarda a ir embora, se é que não foi já
Nos deixa a falar sós das maselas que temos cá
Querendo saber do futuro do que nunca aconteceu
Contando os fatos do que é tudo sonho seu
Se os diabretes tivessem mais poder
Ou se tivessem mais bondade
Poria meus sonhos de alegria a cozer
Prontos, os tornaria realidade
Mas as pestas são assim, malvadas
Dão-lhe esta miséria de poder de escrita
E uma cabeça infame, estúpida e inadequada
Todos os sonhos são os melhores para o mundo
Mas o mundo é restrito para os sonhos
De quem sonha com um mundo diferente no fundo
Só fica refratando na mente um desejo moribundo
Organizados assim em tom poético
parecem nem ser a babel da minha cuca
Dá a toda a bagunça um olhar patético
Que enfim põe o travesseiro a acolher minha nuca

Poema de segundo-plano

Numa corrida meio alucinada
milhões de rabichos a chacoalhar
A explosão do impacto alarmada
por grão em grão a aumentar
Pela frágil vida nasce do nada
A forte fenda doo seu limiar

Quando dali um tempo a luz invade o seu corpo
Berra insano canto para a apagar
Exausto, dominado, num sono torto
Embreaga-se a luz que irá dominar

Cresce tangido pelo sol do horizonte
Banhado de lado num sonho sem par
Como se nenhum raio que pouse na sua fronte
Fosse capaz de seu corpo alcançar

O que não conhecia, inventava
Se não era certo, bastava mudar
Só não tinha o que lhe faltava
Mas o tempo tratou de mudar
A dilacerar o virgem que restava

Tornou a dor menos dor
Conformou a criatura
Que hoje vive do vapor
do que foi tudo outrora

Uma hora se precipita como um aguaceiro
Invadindo os orifícios expostos à espera
da chance que correr e chegar primeiro
Para lavar toda sabedoria que tivera
E tornar a pisar o chão corriqueiro
Com o andar cambaleante que dera
Os anos em que era herói do seu terreiro

sábado, 3 de outubro de 2009

Rio 2016

Agora livre da mesquinha rivalidade São Paulo X Rio de Janeiro que desfocava a minha visão, posso ver uma coisa maravilhosa. Primeiro sob o ponto de vista econômico: Nós já estamos habituados a assistir nas vésperas de copas do mundo e olímpíadas aquelas extensas reportagens a respeito do país que sedia o evento, que mostram todos os aspectos da cultura, entretenimento, povo, culinária e muito mais. Em 2013 o Brasil vai ser o tema destas reportagens ao redor do mundo, e para quem não curtir futebol, em 2015 será obrigado a aturar não só o verde e o amarelo, mas todas as cores que miscigenam o povo brasileiro.
O Rio já é muito famoso pelo mundo, mas agora insere-se a isto outros prós além das mulatas, d0 samba, da bossa e do carnaval, que soam na cabeça dos gringos como sexo fácil. O investimento demandado pelos eventos copa do mundo e olimpíadas força a criação de uma infraestrutura monumental para acomodar os turistas, o que poderia ser um ponto fraco da cidade. Com as exibições dela até 2016, o Rio vai "tá na moda" ao redor do mundo, como a Beijin esteve no último ano, vamos passar pela Champs Eliseé e ouvir João Gilberto, andar de taxi em Roma ao som de Jorge Bem, cruzar a 5th Avenue ouvindo a batuqueira da Mangueira. Vamos ver camisas com inscrições "Brazil" ou "Brasil".
É claro que será chamada a atenção aos problemas sociais e ao desmatamento da Amazônia, mas, como isto finalmente passará a ser tomado como um problema do mundo todo, necessita de medidas urgentes de controle até a data do evento. Aspectos como segurança, transporte, atendimento de saúde têm por obrigação de receber investimentos, trazendo melhorias sociais de longo prazo. Muitos esportes dos quais os brasileiros nem sequer têm conhecimento, começarão a ser praticados, o que pode dar aos jovens e adolescentes muito mais o que fazer.
Há muito tempo o grau de desenvolvimento de uma nação pode ser vinculado a qualidade de seus esportistas, por isto, ao sediar as olimpíada, o país terá de mostrar quão competitivo é o Brasil, acarretando em investimentos e incentivos ao esporte que podem mudar a história do país e a visão dele para o mundo.
Termidado o evento, o Rio de Janeiro deverá ser uma das melhores cidades do mundo para passar as férias. Complexos esportivos de ponta, transporte eficiente, segurança de primeiro mundo, redução de contrastes sociais (pelo menos nas imediações da cidade) e muitas outras melhorias cruciais para o turismo da cidade que como está já é um dos principais roteiros.
Se for bem administrado, não houver ou houver em menor quantidade o jeitinho brasileiro de fazer as coisas, vai ser um efeito encadeado de avanços sociais e econômicos que tende a transferir o Brasil a um outro patamar de desenvolvimento.
Mas, apesar do ufanismo e do otimismo, havemos de lembrar que ainda há no interior do país pessoas que vivem em condições subumanas e possívelmente não terão acesso aos ginásios e às vantagens do evento. Os contrastes sociais fora dos limites fluminences tendem a ser mantidos senão acentuados com os investimentos na cidade. Como sempre, será necessária uma governabilidade séria e comprometida com o desenvolvimento do país como um todo. Embora sejamos além de latinos, americanos, há pessoas que vivem em condições tão subumanas quanto as do Continente Africano, sendo que eles não são tão competitivos economicamente quanto é o Brasil.
Por um milagre, eu espero que não se desvie um centavo dos investimentos, que eles sejam muito bem planejados e que os turistas fiquem plenamente satisfeitos com o Rio e São Paulo (na Copa) e retornem ao Rio nas Olimpíadas e depois, deixando seus dólares também à sobrevivência da Amazônia, ao benefício do povo e ao desenvolvimento equânime da nação.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Vocè está no claro recados!

Esta postagem é uma terapia na qual eu liberto os meus demônios, por isto não tomem as palavras de baixo calão como ofensas pessoais. Se não estiver tolerante, nem ponha-se a ler. Não deve ser dado o mínimo de atenção ao dizeres, são escritos longe do domínio racional da mente. Trata-se de uma vontade súbita de estravasar:
Não sou dos que sempre atendem o celular, aliás, vivo levando broncas dos meus amigos e familiares.
Às vezes no meu trabalho necessito urgentemente falar com alguém, disco o numero do celular quando vem aquela voz da rainha das putas, a mais puta das putas que já existiram, a vagabunda maior, a piranha de essência, de definição, diz estranhamente empolgada: "Você está no claro recados..."
Daí em diante meus nervos nunca me deixaram ouvir, com medo de que eu deixasse uma mensagem absurda a quem não atendeu o telefone. Para não fazê-lo, venho ao blog gozar da liberdade de expressão e dizer o seguinte:
"Vaquinha de marca maior, vai tomar bem no olho do seu cú sem pregas, sua piranha! Quero que você vá para a casa do capeta e ele te cubra de mijo e cera quente para o seu cheiro de cadela no cio ser purificado por esta mistura imunda que combina com a sua boca de merda, sua retardada!"
Já livre destes instintos violentos e incabíveis, peço a senhora educada que emprestou a voz à gravação da Claro, mil desculpas pela minha falta de educação.
Diria: "Não por culpa sua, nem minha, nem da empresa claro, nem de ninguém, mas a sua mãe compete entre as mais agredidas verbalmente da história do Brasil, entrando para o seleto grupo das genitoras dos nossos políticos, juízes de futebol e guardas de trãnsito"

Tele-marketing



O vídeo é anunciado como "hilário", mas na minha opinião é deprimente.
Há coisas que por razões que ainda não sei explicar, me irritam, como o sotaque, ou melhor "sutahque" carioca num jeito de falar afeminado. Separadamente, já me incomodam, juntas tronam-se quase insuportáveis! Mas, creio que isto consista nas minhas veias mais preconceituosas que tenho por obrigação de suprimir para galgar as etapas da civilização. É preciso conviver e enxergar além do comportamento que incomoda, desde que este não seja desrespeitoso. Desta forma, são admissíveis aos meus "desvios de caráter" que uma pessoa tenha uma voz afeminada e acariocada, principalmente se eu levar em conta o meu laconismo proveniente da minha timidez, que torna a minha voz e o meu comportamento tão caricato quanto o da, ou do, atendente de telemarketing, que pelo menos dispensa os corriqueiros "gerundismos".
Pois bem, o que me revoltou neste vídeo é a forma como O ou A atendente é tirada do sério, por uma insistência cuja solicitação não compete a ela. É absurda a necessidade de auto-afirmação do solicitante, a necessidade de impor os seus desejos e fazê-los prevalecer numa atitude violenta e desrespeitosa, julgando ter o poder de decidir quem atende os clientes da empresa. Para completar chega à conversa uma senhora com um comportamento no mínimo vulgar. Diz-se advogada como se esta classe detivesse algum poder que a distinguisse dos demais ofícios "menos díginos" e a permitisse disparates indecorosos contra as pessoas.
Neste ponto do diálogo eu fui tomado por uma ira profunda, afinal, qual é a concepção de um cidadão à respeito do Poder? Quem o detêm no Estado? Os advogados? É mais coerente que os juízes detenham certos privilégios visto que possuem poder de decisão sobre impasses jurídicos, mas advogados, por mais capciosos e orgulhosos que possam ser, detêm apenas o conhecimento que os permite "tratar" uma situação pela ótica legal, como um médico o faz pela ótica biomédica, um engenheiro o faz pela ótica tecnológica e por aí vai. Dominar as ferramentas legais não implica em dominar qualquer cidadão que faz seu trabalho com menos informação formal, muito menos significa impor seus propósitos e opinões sobre ele de forma ameaçadora.
Achei o comentário "Você me conhece? Sou advogada" um insulto a esta classe, da qual espera-se um comportamento mais ético e coerente com as pessoas. É possível notar nos trabalhadores deste ramo uma certa "pompa" que dá a impressão de serem capazes de tudo contra todos, como se dissessem "cuidado comigo", mas este aspecto é latente nos menos preparados para o exercício da função, nos limitados que não distinguem bem o profissional do cidadão. A "pompa" deste ofício pode ser natural, se for levado em conta o rigor legal a que são submetidos e a imagem de respeito e sagacidade que necessariamente está vinculada à um "bom advogado", não lhes dando o direito de sobrepor sua função à do atendente de telemarketing que possivelmente contribui mais para o bem estar coletivo do que o advogado, ou pelo menos assim deveria ser se fossem imediatamente sanadas as expectativas dos clientes.
Por fim, como funcionário público e, na medida do que me é possível, despido do preconceito contra os aspectos fonéticos dos envolvidos no diálogo, deixo a minha revolta nada menos que empática contra os solicitantes. Há um fardo de pésssimo atendimento no setor público e na telemárketing que mesmo os funcinários mais dedicados têm de carregar. Os funcionários públicos são protegidos por lei, mas estes atendentes do setor privado, os mais moderados, são protegidos apenas pela lembrança bocas que aguardam o alimento quando chegam em casa.
Eu, à luz do meu mais baixo nível, responderia à "advogada" o seguinte: "Adira-me que a lei esteja entregue às patas de cadelas sem vergonha! O que estariam fazendo os verdadeiros advogados? Certamente não dando aos outros o exemplar da pobreza de espírito e de civilidade que trás consigo um animal pútrido como este que late ao telefone. Vá procurar a sua mãe e cobrar dela a educação que ela omitiu, quem sabe não lhe põe uma fucinheira para calar esta fossa que chama de boca!"
Preciso confessar que meu mais baixo nível vai muito mais baixo que isto, é uma pena não poderem ouvir meus pensamentos...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Penas do tiê

Para quem como eu tem curiosidade de saber quais são aquelas espécies de animais e vegetais citados em certas músicas, segue uma delas:

Vocês já viram lá na mata a cantoria
Da passarada quando vai anoitecer
E já ouviram o canto triste da araponga



Anunciando que na terra vai chover
Já experimentaram guabiroba bem madura



Já viram as tardes quando vai anoitecer
E já sentiram das planícies orvalhadas
O cheiro doce da frutinha muçambê



Pois meu amor tem um pouquinho disso tudo
E tem na boca a cor das penas do tié



Quando ele canta os passarinhos ficam mudos
Sabe quem é o meu amor, ele é você
Você, você, você

Penas do tiê - Desconhecido

Vocês já viram lá na mata a cantoria
Da passarada quando vai anoitecer
E já ouviram o canto triste da araponga
Anunciando que na terra vai chover
Já experimentaram guabiroba bem madura
Já viram as tardes quando vai anoitecer
E já sentiram das planícies orvalhadas
O cheiro doce da frutinha muçambê
Pois meu amor tem um pouquinho disso tudo
E tem na boca a cor das penas do tié
Quando ele canta os passarinhos ficam mudos
Sabe quem é o meu amor, ele é você
Você, você, você

Idéias em R.E.M. 9

- Vamos ser totalmente sinceros...
- Então vamos.

Sem compromisso


Ao dobrar a esquina me deparei com um pé de ipê. Era o mais lindo e florecido pé que pude ver em toda a minha vida, e estava ali ao dobrar a esquina.

Seus galhos retorcidos e quase sem folhas subiam a uma altura que permitia a quem o plantou observá-lo por todos os anos em que viesse a extender sobre o chão da rua seu tapete amarelo. Simples, sem ostentações ou raridades, ao alcance de minhas mãos que não quizeram tocá-lo, bastava saber que coexistíamos no mesmo espaço, que complementávamos a existência mútua. Ele estava ali para ser belo, e eu para ser muitas coisas. Passariam invernos e outonos sem que ninguém notasse sua singularidade, mas na primavera, o raio tingido de sol que faria em volta de si, até dos mais desatentos, teria atenção.

Um cinza não como uma tempestade, mas como o piche que tapa o nariz da terra, é soberano naquela esquina, até que no quadrado em que finca suas raízes o pé de ipê contrasta com o cinza o amarelo, que não é o das faixas que limitam, mas das flores que inspiram.

Sem compromisso, como aquelas flores de ipê espalhadas pela esquina, deixo aqui este textinho do meu prazer em ainda poder ver o ipê amarelo sobre o asfalto cinza na esquina da minha casa.

Um pedaço de morte


Com uma fúria silenciosa, que falta fúria e sobra silêncio, pára. Não se sabe no que pensa nem no que gasta o tempo, mesmo que seja na mais nobre das atividades, pára. Não se sabe se alguém verá nem quando o primeiro SMS será enviado aos parentes e amigos para que tomem nota do acontecimento fatal, simplemente pára.

Está-se entregue ao que a muitos deu a fé, a outros deu a dúvida, a outros não deu nada. A estes últimos a morte é como a vida, não vale nada. Não há quem possa dizer qual a profundeza deste nada, não há quem esteja vivo para contar como é a morte.

Ficamos a esperá-la, todos nós, num momento oportuno, como se este houvesse, um que não haveria saudade, dependência, razão. Aí estaríamos prontos para morrer. Ao que nos consome, estamos prontos para a morte no momento em que morremos.

Poderíamos crer, todos juntos, que a morte levaria qualquer vida a plena felicidade, por mais chatenante que possa parecer, e que se encontrasse com todos os já idos de que sentia falta. Mas a falta eterna que fará na conciência degrada os restos de ilusões que ainda temos.

Aos que o amavam, não fica nada, pois não há como dizer que existe a saudade se a saudade é ausência e a ausência não está. E este espaço jamais é preenchido. Este pedaço nunca é reposto. Estes advérbios sempre cabem a esta situação.

Um ponto final, umas reticências, muitas exclamações, ou uma interrogação? Para quem está lá, não resta dúvida, não resta nada. É como um estágio de pleno desenvolvimento humano, de absoluta adaptação, são sanadas todas as dúvidas, cumpridas todas as obrigações. É um ser que a partir de agora é superior a todos, conhece o que todos temem por desconhecer. É um herói, um mártir, um exemplo, como todos os outros, enterrados na mítica memória.

A decomposição dos fatos termina, quem sabe, antes que a do corpo comece. Quem sabe alguém viu, testemunhou a ausência de sangue que virou ausência de tudo. Esta pessoa é a mais profética de todas as que já gastaram os joelhos sobre a terra. Ela sim viu o futuro da humanidade.

A nossa única certeza é ironicamente uma incerteza absoluta. Acerca dela há diversas teorias como acerca de tudo. Nenhuma comprovada, nenhuma comprovável, nada, nada, nada!

Desde que me levaram um, deixei de me preocupar com isto. Me terem levado é uma ação que eu criei para que mesmo desconhecendo a razão de tamanha maldade, a minha dor fosse abrandada. Dizer que não me preocupo com isto é quase um erro que tem a mesma finalidade de acreditar que me levaram alguém.

Todo o ritual inventado, toda a celebração em despedida, só serve para dar à homenagem o atraso, aos amigos e familiares o desespero e às velas e às flores o cheiro de morte. Quando se feixa o caixão e com muito cuidado ele é acomodado nuns centímetros quadrados, é trancado nele por inteiro os pedaços de quem fica apenas com lembranças. Naquele momento, o nunca mais que sai da boca fere menos que o que salta aos olhos.

Mas é o fim, é o começo, é o que quizer. Deveria ser como as crianças que transparecem a fraqueza de todos num choro sem fôlego para não tardar a brincar de esconde-enconde entre as lápides, como quem foge do tiro um dia certeiro que sentencia todos nós ao que jamais conheceremos em vida.

Comerciais que beiram o absurdo









Mais Comerciais!







Esta aqui vale o trabalho de encontrar!





Classissíssimo!

sábado, 19 de setembro de 2009

Um vira-lata

Um sem raça
um renegado pelas ruas
um mestiço de tudo com tudo

Desconhece sua origem, seu destino
Conhece a vida e a noite
vem rasteiro como quem não quer nada
lhe pedir um banho

Vem invadir o seu lar
Invade sua vida
seus pensamentos

Vai habitar sua pele em tempos
com os erros a que são dados
com as sensações que são peritos
despenteados, sem donos
sem regras e sem obrigações

Vão invadir sua pele
vão povoar a carne
como nenhum pedigree
é capaz de fazer

Vão lhe fazer uivar
como num cio
infinito, insaciável
um cio de vira-lata

Uma onda


Numa noite sabadina
uma fúria dos mares
vem em onda entre os dedos
que se abrem para sentir
a sua tomada avassaladora

Um segundo e os pelos se levantam
em um alerta esperançoso
que invade o corpo
como uma brisa que vem refrescar
a pele em chamas de um vira-lata

Sobe à cabeça em pensamentos impróprios
em ações explícitas, em grunhidos tênues
Vem trazendo a honra de poder reproduzir
Vem lembrar de que não sempre
se controlam as coxas a roçar o meio

O diafragma começa a desobedecer
como se fosse parar de funcinoar
mas funciona como uma máquina
sugando mais ar para dentro do peito
que parece explodir

vem subindo, paulatinamente
os degrais da espinha
espalhando para os lados
o arrepio imediato
que quando chega a boca
solta um gemido desafinado

Vem trazer o touro
de quem veio a vênus
se insinuar como uma vaca
nos sonhos de netuno

Uma loucura incontrolável
uma condição miserável
Um orgulho de ter as vergonhas
invadidas pelas mais deliciosas
línguas que se põe nos ares

Entre os dedos firmes estão os lencóis
e sugam todo o fluido do corpo
que derrete nos pensamentos mais quentes
que ferve e derrama o leite pelo ar

e vai, como se não tivesse vindo
promentendo que volta
não se sabe quando, nem como
mas volta, e é bem esperada

Entretenimento

Há mais de cem canais
Nenhuma programação digna de atenção
nenhuma distração

mais de duzentos livros
Complexos, densos e chatos
como não devem ser as noites de sábado

umas 30 estações de rádio
tocam todas as mesmas músicas
nenhuma que eu queira ouvir
algumas chegam a irritar

Há milhões de blogs
que me interessariam
em qualquer outra noite
mas que hoje me trazem fadiga

nada é capaz de me livrar deste tédio
nada me desafoga
nada me tira este medo de não suportar mais

É tão comum que se escreva sobre o tédio
mesmo que ninguém me explique bem
de que buraco ele vem

Sente-se assim sem sentido
sem nada, dá até vontade de chorar
Mas chorar porquê?
Que choro é este?

Podia amar loucamente
e suar todas estas lágrimas
até colar com o mesmo sal
meu corpo e o seu
imundos, imersos

Podia urinar todas as impurezas dos meus rins
despejar estes mals espíritos que me prendem

Às vezes faz-se necessário
desrespeitar-se
sentir-se culpado
sentir-se maldito

Às vezes tudo o que se quer é um vício
destes de que não se enjôa
como se enjôa de tudo que não é vício

Mas a televisão...
O rádio então...
Estes blogs...

Porquê, meu Deus?
Fizeste um filho tão insatisfeito
tão inadequado, tão impressionista
Porquê fizeste-me usar a segunda pessoa
Se por onde eu olhe, há só minhas coisas
Só eu, para mim, de mim?

Quem me deu esta obrigação
Quem é o maldito animal
que me fez me prender
a tanta coisa que
é tão pouco para mim

Quem me tapa os olhos
Quem não me deixa ver outra alternativa
Não me deixa ir pelo atalho
que me perde

Quem sabe assim
a tarde de domingo
não começe no sábado

Quem sabe a tarde de domingo
não seja uma pequena culpa
de não saber bem como tudo
foi tão insano no sábado

Quem sabe, sentindo assim
Não nasca em mim
um altruísmo contente
uma idéia feliz que disfaça
este depressivo egoísmo

A beleza


Estes dias estive pensando em como ser elegante, chique, sofisticado é ser conservador. Já me fizeram um elogio desta natureza, e eu, descostumado a elogios, procurei ressalvas.

A beleza visual consolidada, aquela de senso comum, desprovida de qualquer afeição particular, é a mais conservadora das hipocrisias. Quando se é belo, elegante, significa que configura um padrão consagrado desta atitude que não necessariamente traduzem a essência de quem o é. O nosso esforço em atender os padrões estéticos comuns suprime a nossa identidade.

Isto não é ruim, já que estamos o tempo inteiro nos disfarçando até de nós mesmos com objetivos variados. Não é ruim na medida em que não se torna um sofrimento, uma necessidade que condiciona nosso prazer.

A beleza pode ser vista de muitas formas, já que é vista por vários olhos, só que uma turma decide o que é um padrão que distingue uma beleza e implanta isto nas nossas cabeças. Superficialmente, julgamos a mesma beleza bonita, mas intimamente, há várias belezas que nos tornam amigos de pessoas feias se comparadas a este padrão.

Ainda bem, porque senão eu seria ainda mais solitário!

No final das contas, o conservador, ou seja, o elegante, ou seja, a beleza padrão é o que há de mais chato num ser humano. Procurar imperfeições é o que nos apaixona.

o blog: ressalvas

A intenção deste blog é algo que é um mistério tão profundo quanto a força que me motiva a respirar.
Farei dele o que me der vontade. Escreverei o que quizer e publicarei o que me fizer bem.
Há um ambiente em que eu dito as regras, aqui. E as regras são: ... ... ... ... ... ....

o blog

Vejo em outros blogs a cópia fidedgna de notas dos jornais que são publicadas na internet seguida de comentários do autor e há duas razões para que eu não faça o mesmo:
- Uma cópia de uma notícia é uma versão do fato, seriam necessárias várias versões para que eu formasse uma opinião que merecesse ser propagada;
- Este blog não destina-se a apresentar dados, salvo para motivar a discussão destes, a intenção é apresentar as minhas reflexões individuais, afim de que sejam sobrepostas, contrapostas ou concordadas para amenizar a minha necessidade de entender e ser entendido.

Cénário da metrópole


Recentemente, as mansões situadas no bairro do Morumbi, na zona sul de São Paulo, tem sido vítima de invasões de bandidos que fazem a família e os empregados reféns, praticando agressõem e chantagens contra estes.
O primeiro fato a ser considerado é o bairro, moradia dos cidadão mais endinheirados da cidade de São Paulo, construído em mansões com sistema de segurança sofisticados e contrastado por uma favela próxima, a favela Paraisópolis. Esta favela, cujo nome retoma a mente imagens bem diferentes deste tipo de aglomeração urbana, está situada no "coração" do bairro, portanto, dela se tem a imagem dos terrenos mais bem contruídos do local. A partir destes fatos, pode-se concluir que o bairro do Morumbi tem a concentração de renda maior que a concentração de problemas de habitar a favela do Paraisópolis.
Em recente entrevista, um morador do local dizia-se indgnado, o que pôde ser constatado pela repetição da frase "isto é um absurdo!" e pela espuma que saía da boca quando dizia que, embora sejam pagos milhões de reais em impostos, a prefeitura não consegue dar conta da segurança do local. O autor do comentário é designer e aparenta uns 30 anos de idade, jovem, portanto. Ainda sobre a questão de arrecadação de impostos, o morador da mansão mais recentemente invadida, de um ex-deputado estadual, proferiu quase que exatamente a mesma crítica ao governo, em palavras quase ininteligíveis para a audiência característica do horário.
Sobre os fatos acima, faz-se necessária a reflexão. Primeiro, a forma como foram apresentados: os textos são de minha autoria e eu utilizei alguns recursos retóricos para tornar tendenciosa a informação extraída dele. Os comentários a cerca do comportamento do designer e a necessidade de especificar a "ex-carreira pública" do outro morador cria uma imagem não muito simpática destes moradores. E assim, explicando de forma universalmente compreensível, quero dizer que neste bairro moram alguns dos homens mais ricos do país, e por aqui ressôa o comentário de que ninguém enriquece sendo honesto, ou seja, pagando os impostos. Então, será que a fonte de toda esta concentração de renda é uma atividade que justifique a segurança reforçada no local? Sendo ou não, há outro dito popular que incentiva as recentes ocorrências: "ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão". A imagem que o cidadão tem destes homens que de um instante para o outro conseguiram um acúmulo de capital inatingível com a contribuição assídua de impostos, é de simples ladrão, como estes que vêm invadindo as mansões. Em minha propria opinião, nem a primeira, nem a segunda idéia popular justifica o roubo e o terror a que as famílias são submetidas, sendo as idéias verdadeiras ou não.
Em contraponto, nenhum muro de três metros, nenhum sistema de segurança e nenhum pagamento de imposto justifica proteger os cidadãos do Morumbi dos seus semelhantes menos ricos. Nada pode satisfatoriamente convencer do funcionamento correto da maquina pública quando se observa com cuidado o contraste Paraisópolis X Morumbi. A solução para os moradores do bairro é uma ação pública efetiva que lhes propicie a segurança contra aqueles que invadem suas mansões, mas não demontram nenhuma preocupação em dar-lhes condição e acesso aos mesmos luxos que fazem de suas casas capas de revistas de arquitetura, situadas num meio onde a noção de harmonia é tão falha. Nenhuma idéia de prover aos demais cidadãos a educação e possibilidade de enxergar além do "eu quero o que ele tem", nem mesmo o ex-deputado tem esta preocupação, do que nasce a dúvida em relação aos valores que embasam toda a sociedade metropolitana, que rica ou pobre, está suscetível ao terror dos seus iguais. Este é o motivo da minha escrita tendenciosa.
Os donos das mansões do Morumbi tem condições de pagar a própria segurança a parte do que pode fazer o Estado, mas não tem esta obrigação. Provavelmente, nada lhes veio a mão que não lhes custasse o uso mínimo das faculdades mentais. Eles, como um catador de lixo, mas vistos com a dignidade que todo ofício merece, conquistaram suas carreiras, seu conforto, seus satus e sua riqueza. Exceto pela fraqueza dos valores, não há mal nenhum ostentar suas posses com o que há de melhor. São seus donos por direito, até que se prove o oposto.
Os moradores de Paraisópolis, no entanto, são também vítimas e simultaneamente agravantes da falta de planejamento. Não têm o mínimo de condição que também têm direito para lhes dar acesso às mordomias da vida moderna e vêem esta chance tirando o que é dos outros. Aqui, não há apenas um desvio da conduta mais exemplar, há um crime. A lei que protege os cidadãos encrimina os infratores, por mais complexos e antigos que sejam seus motivos para estar ali, ela deveria assegurar a segurança dos donos dos imóveis. Com isto, quem é humilhado e levado ao convívio com outros desgraçados como ele é o pobre, agora com o acesso ainda mais restrito e sem noção de dignidade. Morrem uns e outros moradores das masões, dos poucos que nascem, enquanto nas favelas nascem aos montes, e lá também morrem e proliferam a indiganção, seguida da naturalidade e do hábito, de apossar-se do que não é seu por direito.
De forma natural, também, recebem os donos das mansões os ladrões. Já calculam o investimento necessário para blindar todos os metros e se protegerem das invasões antes de adquirir o imóvel. Sabem de todo o problema social, têm plena noção de que seu poder aquisitivo pode incomodar as pessoas que não o tem e já se previnem contra os potenciais problemas, de forma minunciosamente planejada.
Para coroar a situação, não por nenhum meio de comunicação específico, mas por conhecido meus, ouvi alguns Policiais Militares dizerem "Não se deve roubar os pobres, eles já não têm nada, os que devem ser roubados são os ricos". Percebe-se aí a consolidação das idéias populares apresentadas, que sôa como um "está com desejo sexual, extupra mas não mata". Homens que têm por obrigação, por formação e por definição fazer cumprir a lei, ser justos e cegos como a ação que os rege, propagam este tipo de pensamento. Não há um nível específico em que se possa identiificar a nascente da falha ideológica da cidade. Ela se espalha por todos os lados, como se fosse instintiva de qualquer ser humano, rico, pobre, inteligente, retardado. Todos buscam conforto e proteção, mas o incomum é esta proteção ser contra outro filho do mesmo Adão, do mesmo Deus, do mesmo macaco que aprendeu a viver em grupo para melhorar a vida, e agora disputa com grupo as condições mínimas de sobrevivência.
Os políticos não provêem a segurança e frequentemente são corruptos, um Poder dilacerado. A polícia não provê a segurança por ideais fracos, outro Poder dilacerado. A camada com mais acesso da sociedade provê a segurança que lhes interessa, outro Poder dilacerado. A camada inferior arranca o que é dos outros como animais famintos, condições a que foram condenados, por um ou outro motivo, e que não foi dada importãncia, mas que poder estes têm?
Não quero que fique a impressão de uma visão deturpada das camadas sociais que interagem na cidade. A parte das expeculações sobre as fontes do acúmulo de capital dos mais ricos e do mais marxista que esta visão tenha dado impressão de ser (é impressão apenas), eu simplesmente intento direcionar responsabilidade de ação aos que realmente têm condições de solucionar o problema, por poderem enxergá-lo e manipulá-lo. . Não proponho uma divisão de renda igualitária, que implique necessariamente nas perdas dos que a tem concentrada. Proponho que já que interagimos de forma competitiva, que sejam dadas as condições minimas de sobrevivência e acesso a todos para evitar a disseminação do terror e que esta competição justifique a nossa capacidade de raciocínio.
Bertold Brecht escreveu a respeito da negação de Galileu: "Eu te digo, aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso". Isto não isenta os mais pobres da culpa pelos seus atos, torna-nos todos criminosos, infratores da ética e da cidadania que nós mesmos criamos.